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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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Elizabeth<br />

Quando conheci Elizabeth, ela era lésbica. Tinha toda a aparência de um<br />

homem até mesmo no andar. Era viciada em metedrina. Transformou-se<br />

completamente, e hoje é funcionária da Justiça encarregada de vigiar os viciados que<br />

conseguem liberdade condicional e assim está ajudando aqueles que tão bem<br />

conheceu antes. A sua solução para a frigidez pode servir a muita gente vítima desse<br />

mesmo problema já tão comum.<br />

Meu nome é Elizabeth. Nasci numa cidade do Sul e tenho uma irmã gêmea.<br />

Tenho vinte e seis anos. Minha irmã é um ano e meio mais moça. Meu pai é<br />

professor de engenharia e minha mãe procura ajudar nas despesas da casa fazendo<br />

diversos serviços.<br />

Tinha quatro anos e meio quando surgiram os primeiros problemas, tanto<br />

quanto posso lembrar-me. Parecia ser alérgica a tudo: poeira, penas, flores, peles e<br />

alimentos com amido.<br />

Quando tínhamos seis anos mudamos para a Califórnia. Nessa altura eu<br />

comecei a roubar os níqueis de meu pai para comprar balas. Algumas vezes roubava<br />

também dinheiro da mesada de minha irmã e aí então enchia-me de doces.<br />

Passava a maior parte do tempo na escola sonhando com fantasias loucas,<br />

com príncipes encantados.<br />

Durante um curto período, quando tinha sete anos, meus pais levaram-me a<br />

um psiquiatra e nessa ocasião minha mãe disse-me que era porque eu estava sempre<br />

reclamando que ela não me amava. Alguns anos mais tarde ela disse-me que<br />

também era porque eu roubava dinheiro miúdo nas casas de colegas. O diagnóstico<br />

do médico foi que eu era uma criança que precisava muito de amor e também com<br />

grande capacidade de amar.<br />

No quinto ano minha professora incentivou-me para trabalhos artísticos.<br />

Adorava pintar cenas dos índios Hopi em cores vivas, laranja, turquesa e vermelho. A<br />

maioria era de índias Hopi segurando filhos nos braços. Não conseguia dar expressão<br />

aos seus rostos. Quando era pequena, a pintura era a única coisa que eu gostava de<br />

fazer. Ganhei alguns prêmios e meus pais matricularam-me numa escola de arte e eu<br />

fiquei entusiasmada. Tentaram ensinar-me formas e linhas. Fiquei sem a única<br />

liberdade que tinha. Meus pais achavam que eu tinha força criadora e diziam que<br />

tudo que eu tocava se transformava em ouro. Eu já não achava mais graça. Era uma<br />

chateação. Minhas mãos tornaram-se tensas. Já não faziam o que eu queria. Pensei<br />

que teria de ser perfeita para elas me obedecerem.<br />

Meus pais passavam todo o tempo que tinham livre fazendo coisas para a<br />

casa. As crianças tinham que assumir responsabilidades desde pequeninas. Tinha

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