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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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deblaterou e acusou-me de ser uma filha ingrata, gritou como eu era uma menina<br />

boazinha antes e como agora ela sentia-se magoada e rejeitada. O terapeuta sugeriu<br />

então que esquecêssemos o passado e tentássemos melhorar o presente. Embora<br />

meus pais continuassem a não me compreender, permanecessem alheados e sempre<br />

me criticando, estabelecemos uma fachada 'socialmente aceitável' para as relações<br />

pais e filha. Contei para meu terapeuta que já visitava meus pais e considerei a<br />

missão cumprida.<br />

"Quando cheguei a esse ponto, eu já estava então com as minhas<br />

necessidades básicas sendo satisfeitas, dentro da realidade da terapia. Convenci-me<br />

de ser amada por meu marido e meus pais, embora sentisse uma agonia de um vazio<br />

e da infelicidade dentro de mim. Pensava, ou antes, sabia, que tinha algum valor pois<br />

já contava com um emprego e um marido, que estava desempregado quando<br />

começou a terapia, mas que já agora, tinha um bom emprego. Estávamos os dois<br />

fazendo o que era 'realista, responsável e certo'. E mesmo assim, ainda não havia<br />

uma verdadeira felicidade, um legítimo contentamento e também não havia paz. Só<br />

tínhamos conseguido colocar todos os nossos ressentimentos e trapalhadas da raiva<br />

recíproca que existia entre nós em um compartimento perfeitamente estanque.<br />

Concluímos a terapia simplesmente tolerando-nos.<br />

"Um ano mais tarde fui com meu marido para a Terapia <strong>Primal</strong>. Aquele tinha<br />

sido um ano de brigas violentas, desesperos e amargura e eu chegara a pensar em<br />

suicídio por diversas vezes. A terapia da realidade só servira para me 'ensinar' a<br />

modificar meu comportamento, mas de forma alguma conseguira aliviar-me das<br />

origens da minha infelicidade. Hoje já estou sentindo minhas antigas dores e estou a<br />

caminho do restabelecimento completo e não apenas de um alívio temporário.<br />

"As diferenças entre as duas terapias me parecem muito nítidas. Em lugar de<br />

toda aquela tolice da terapia da realidade durante uma hora, eu agora passo o tempo<br />

que quero às voltas com as minhas dores. Quanto mais dores sinto menos dores<br />

tenho. Agora já percebo que não preciso de conselhos e que só me adianta eu sentir<br />

a minha Dor. Os conselhos dos outros apenas obrigam-me a conformar-me com um<br />

padrão de comportamento que me é imposto sem querer saber quem sou ou como<br />

me sinto. É o padrão de uma sociedade neurótica e, infelizmente, em termos da<br />

terapia da realidade, o principal é satisfazer isso, e eu estava me conformando com o<br />

processo de continuar a ser irreal.<br />

"Na Terapia <strong>Primal</strong>, por outro lado, eu estou violentamente desfazendo-me<br />

das camadas que não são reais, da fachada e da máscara de suavidade. Ali, a única<br />

coisa que conta é destruir tudo que houver de irreal em mim para tornar-me a sentir<br />

como um perfeito ser humano. Se eu fosse atrás da terapia da realidade iria<br />

continuar neurótica a vida inteira em busca do impossível que era o amor de meus<br />

pais. Com a Terapia <strong>Primal</strong> eu já não espero mais que meu marido venha preencher o<br />

vazio deixado por meu pai. Quando estiver boa poderei permitir que meu marido

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