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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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Quando fui para a faculdade em New York já a maconha e o LSD não me<br />

adiantavam e recorri à heroína para ver se conseguia alguma coisa que melhorasse<br />

meus acessos de choro e solidão. Mas nem mesmo essas drogas serviram e cheguei<br />

então ao colapso mental e físico.<br />

Saí de New York completamente arrasada e comecei a Terapia <strong>Primal</strong> dois<br />

meses depois, porque sentia que todas as minhas defesas estavam cedendo e já não<br />

podia me controlar. Já sentia que meu cérebro não funcionava e não conseguia<br />

compreender. A Terapia <strong>Primal</strong> ensinou-me que o meu sentimento de falta de amor<br />

de meus pais nunca fora resolvido e que eu tinha recorrido a substitutos de novas<br />

defesas para esconder a necessidade que sentia e fugir de minha Dor em lugar de<br />

procurar senti-la.<br />

O primeiro estágio da terapia consistiu em derrubar o que ainda restava de<br />

meu sistema de defesa já bem abalado. A simples ausência de drogas e cigarros<br />

aumentava a minha tensão a um tal ponto que todo meu corpo tremia. Embora<br />

estivesse só, numa cidade onde não conhecia ninguém, foi depois das três semanas<br />

de isolamento exigidas pela terapia<br />

que eu me senti realmente só. Sempre pensara que era solitária por minha<br />

própria escolha e que poderia deixar de sê-lo logo que quisesse. Agora, porém, eu<br />

descobria que fora solitária durante toda a minha vida e que durante esse período só<br />

desejara ser parte de alguma coisa (a família) ou, mais especificamente, de alguém<br />

(meus pais). Percebi que quando estava só antes eu sempre sentia alguém<br />

observando-me e penetrando em meus pensamentos. Acredito agora que tudo<br />

aquilo era a esperança, que ainda acalentava, que meus pais gostassem de mim.<br />

Agora sinto e sei que estou inteiramente só.<br />

Com a maior parte das defesas mais óbvias removidas, minha mente começou<br />

a se encher com as lembranças do passado. Todas elas enchiam-me de tristeza e<br />

comecei a reviver cenas do passado, deixando que elas tomassem conta de mim já<br />

que tomava parte em todas.<br />

A maioria de minhas Primais durante os primeiros meses da terapia giravam<br />

em torno do frio que sentia. Logo que me deitava o corpo começava a tremer, os<br />

dentes batiam e os pés e mãos ficavam azulados. Passei por Primais que duravam<br />

duas horas durante as quais eu apenas tremia. Primeiro pensei que aquele frio era<br />

todo exterior e só. depois percebi que era interior, que era a neurose. Tinha que<br />

livrar-me daquilo que conseguira devido à falta de amor de meus pais para então<br />

poder reviver as experiências dolorosas que estava encobrindo.<br />

Logo que as tremuras tinham quase terminado eu encontrei-me<br />

completamente sem defesas. Muitas vezes, quando via meus pais, eu desandava a<br />

chorar ao menor sinal de reprovação da parte deles. Uma noite eu fui assistir a A<br />

Gaivota de Chekhov e durante a cena em que o filho pede à mãe para não abandoná-

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