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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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para poder expulsá-la de nosso sistema.<br />

Então eu contei ao Janov a conversa que tive com meu irmão. Mas agora,<br />

neste instante, ainda tenho toda essa confusão na cabeça. Já começou aquela dor,<br />

aquela mesma dor que já senti antes milhares de vezes. É uma dor estranha e<br />

quando a sinto fico num estado de perturbação ou irritabilidade, de chateação ou<br />

indecisão. Em outras palavras, é como se alguma coisa estivesse me cutucando à<br />

espera de uma decisão ou solução sem que eu saiba o que fazer. Então sinto a dor na<br />

cabeça e fico extremamente agitado não pela dor mas sim por saber que fui eu<br />

mesmo quem a provocou. Fico agitado até o ponto de querer gritar, de insistir para<br />

me fazer ouvir, ou então de bater em alguma coisa, etc. Geralmente consigo livrarme<br />

dela explodindo e depois deito-me para descansar ou recuperar. Foi nesse ponto<br />

que senti a dor e fiquei irritado, senti todo o corpo coçando e muito agitado.<br />

Tremendo em espasmos. Senti-me como se estivesse preso num casulo elástico<br />

debatendo-me com todo o corpo para fugir dali. Queria uma solução ou uma<br />

resolução acerca da confusão com meus pais. Fiquei ainda mais agitado, e quando<br />

Janov perguntou-me o que estava sentindo eu disse que era "nervoso", que era a<br />

palavra que julgava mais apropriada para toda a minha complicação. Ele disse<br />

"tortura" e eu achei que era mesmo aquela a palavra mais apropriada. Estava sendo<br />

torturada por meus pensamentos e sentimentos juntos com a dor. E logo em um<br />

minuto, ou menos, a dor saiu completamente de minha cabeça.<br />

Saí e fui falar com Ted hoje de tarde. Ele perdeu o emprego e também sentese<br />

perdido. Está mesmo perdido. É tudo o que posso dizer. Gosto muito dele mas não<br />

vejo o que posso fazer para ajudá-lo agora. Ele certamente gostaria de receber algum<br />

auxílio da família, mas eu não estou em condições. Fiquei só ouvindo e ele falou<br />

quase sozinho. Parecia estar no fim e eu não sabia o que fazer. Ele dizia que só podia<br />

trabalhar num posto de gasolina pois era a única coisa que sabia fazer. Não sei o que<br />

há com ele para que tenha pretensões tão humildes. Será que não espera alguma<br />

coisa melhor da vida? Acho que ele está mesmo bem fodido e nada mais posso fazer<br />

senão sentir pena.<br />

De noite comecei a pensar como andava imaginando que não estava ficando<br />

melhor. Já tinha parado aquela história dos gritos e não sabia se estava progredindo<br />

bem. Janov disse-me outra vez que isso era parte da moléstia. Essa ideia de estar<br />

querendo sempre ser o máximo em tudo. Não vejo o que tenho de provar. O que<br />

será?<br />

5 de março<br />

Hoje foi um dia terrível demais. Comecei falando de fantasias homossexuais e<br />

da visita ontem a meu irmão. Que raio de merda há comigo de errado? Eu não sou o<br />

pai dele e não tenho que me meter fingindo que sou. Que raio! De qualquer forma,

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