19.05.2018 Views

JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

Terapia Primal: A cura das neuroses.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

vida sem participar dela. Geralmente vivem dentro de alguma espécie de barreira<br />

que amortece o impacto da experiência só deixando o que for confortável. À medida<br />

que o paciente <strong>Primal</strong> começa a penetrar nessa barreira, ele pode começar a<br />

vislumbrar o que realmente significam suas experiências e seu comportamento que<br />

eram antes amortecidos pela Dor.<br />

Eu acredito que as lembranças são suprimidas até o ponto em que elas são a<br />

repetição de elementos parecidos com as Dores das Cenas Primais. Se um insulto<br />

insólito deflagra uma mágoa antiga reprimida, como de sentir-se estúpido, esse<br />

acontecimento pode ser esquecido ou então apenas vagamente lembrado. A<br />

intensidade da lembrança dependerá da relação que existir entre os sentimentos<br />

atuais e a mágoa antiga.<br />

Há muita coisa insinuando que o sistema de lembranças irreais começa com a<br />

inicial e mais importante Cena <strong>Primal</strong>. Por exemplo, um neurótico pode ter uma<br />

memória fenomenal para datas, lugares e fatos históricos, e até mesmo para sua<br />

própria vida, embora isso só sirva para esconder a frente irreal que diz, "Vejam como<br />

sou um brilhante atuante". Os aspectos mais profundos de sua memória podem estar<br />

totalmente bloqueados. As lembranças do eu irreal são seletivas e aderem à mente<br />

para aliviar a tensão, para exaltar o "ego". Isso significa que a suposta boa memória<br />

de um neurótico e apenas uma defesa contra a verdadeira memória.<br />

Um caso poderá servir para esclarecer a relação da Dor com a memória. Uma<br />

certa jovem com vinte e poucos anos estava indo muito bem na Terapia <strong>Primal</strong> e já<br />

tinha tido duas sessões em que se mostrara bem compreensiva. Ao fim da segunda<br />

semana sofreu um sério desastre de automóvel, fraturou alguns ossos e o<br />

diagnóstico era de uma concussão traumática no cérebro. Depois de recuperar os<br />

sentidos nada mais lembrava do acidente. Os seus médicos duvidavam que viesse a<br />

recuperar a memória do trauma e disseram-lhe que se não se lembrasse do acidente<br />

dentro de algumas semanas, o mais provável seria que nunca mais se lembraria.<br />

Depois de algumas semanas ela já estava boa o bastante para reiniciar a<br />

terapia. Antes da visita ela começou a ter cólicas de estômago e os intestinos ficaram<br />

paralisados durante três dias. Depois de uma <strong>Primal</strong> a respeito de uma grande Dor na<br />

sua primeira infância, ela foi automaticamente lavada à sua dor mais recente que<br />

fora o acidente do automóvel, sem que houvesse qualquer interferência estranha.<br />

Passou por todo o trauma, do princípio ao fim, com todos os detalhes, sem que fosse<br />

preciso qualquer esforço consciente. Viu o carro aproximar-se, ouviu a colisão, sentiu<br />

a pancada na cabeça e deu então aquele grito terrível que não conseguira dar antes.<br />

Discutia sem hesitação todos os detalhes do acidente.<br />

O que isso indica é que o efeito físico da concussão sozinho não pode chegar a<br />

obliterar a memória mas a Dor que o acompanha pode contribuir para apagar as<br />

lembranças dos acontecimentos catastróficos. Se esta premissa estiver certa, será<br />

possível fazer com que uma pessoa chegue a recuperar a lembrança de traumas

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!