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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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mente que as atividades que trazem modificações básicas para os indivíduos devem<br />

emanar de seus sentimentos, e devem vir de dentro para fora. Sem isso, nada mais<br />

adianta. Desde que seja destruída a barreira dos sentimentos os estímulos de fora<br />

penetrarão em todo o sistema. Então farão sentido os exercícios de sensibilidade que<br />

mandam as pessoas ficarem de pé na grama fresca para aumentar a sua experiência<br />

sensual. Isso terá como verdadeira significação que apenas é bom ficar pisando a<br />

relva fresca e não alguma coisa mística de significado astral.<br />

Psicodrama<br />

O psicodrama é uma técnica muito usada em terapia de grupo de várias<br />

escolas. Eu chamaria essa modalidade de um jogo de suposições. O paciente recebe<br />

um papel designado pelo terapeuta e passa a agir como se fosse outra pessoa ou<br />

então ele mesmo numa posição especial, como, por exemplo, reagindo e<br />

respondendo mal ao patrão. O paciente pode assumir o papel de sua mãe, pai, irmão<br />

ou irmã, professor. Como ele não é mesmo nada disso, terá então que representar<br />

como se fosse outro quando, às vezes, não se sente disposto nem mesmo a ser o<br />

próprio.<br />

O psicodrama tem usos limitados como, por exemplo, para fazer ficar mais à<br />

vontade um grupo que passa pela terapia convencional, mas essencialmente, ele<br />

parece oferecer mais um papel fora da realidade que a pessoa deve representar<br />

depois de já haver representado a si mesmo durante tantos anos. Nesse caso, a peça<br />

é coreografada pelo terapeuta. Eu acredito que o neurótico, muitas vezes, já foi<br />

obrigado a representar e afogar seus verdadeiros sentimentos em algo que era talvez<br />

uma peça trágica de horrores escrita, dirigida e mal produzida por seus pais.<br />

A ideia mágica e falsa a respeito do psicodrama é que se alguém pode<br />

levantar-se contra a figura da mãe num psicodrama, então poderá fazer depois o<br />

mesmo na vida real. A representação continuará e a pessoa ficará sendo para sempre<br />

mais agressiva, expressiva, etc. Acontece, porém, que a pessoa que representa um<br />

papel está fora da realidade e assim, como pode ela fazer mudanças reais na sua<br />

personalidade e na vida? Tudo que conseguirá será aprender como ser ainda mais<br />

neurótico, aperfeiçoando a sua capacidade para representar de forma que passa a<br />

agir pela "deixa" em lugar de agir pelos sentimentos.<br />

Há ocasiões em que a pessoa se enreda em seus psicodramas e realmente<br />

começa a perder o controle. Nunca vi ninguém em um psicodrama que chegasse a<br />

perder o controle de seu papel. O mais frequente é as pessoas saberem que estão<br />

representando e torna-se então um adulto brincando de "se eu fosse." Os pacientes<br />

primais não representam. Eles são realmente as criancinhas num completo<br />

descontrole.

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