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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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O significado de tudo isso é que a pessoa é a sua neurose. Nunca chegamos às<br />

verdadeiras origens dos problemas com simples manipulações, modificação dos<br />

sintomas, oferecimentos simbólicos, físicos e mentais, de viagens nem obrigando a<br />

papéis ou situações. As defesas podem ser embaralhadas continuamente e só<br />

cessarão quando o paciente sentir que é ele mesmo. Até sentir a Dor, tudo será em<br />

pura perda, tanto faz que sejam psicodramas, análises de sonhos, treino de<br />

sensibilidade, meditação ou psicanálise.<br />

Não é possível discutirmos todas as outras escolas de psicologia, da mesma<br />

forma que é impossível responder a todas as perguntas que se originam na Terapia<br />

<strong>Primal</strong>. Por exemplo, será ela uma forma de hipnose? Exatamente o contrário<br />

embora algumas condições sejam as mesmas. As neuroses nascem quando os pais<br />

exigem que os filhos abram mão de seus sentimentos para tornar-se o que eles<br />

querem. Na hipnose também, uma autoridade forte pode adormecer o verdadeiro<br />

sentimento para fazer o paciente adotar uma outra identidade. A pessoa hipnotizada<br />

entrega-se à autoridade, da mesma forma que a criança neurótica entrega-se aos<br />

pais e torna-se o que eles querem. A hipnose é a manipulação da frente real, e as<br />

pessoas transformam-se completamente. A hipnose pode ser conseguida porque a<br />

pessoa já está dividida. Desde que não sinta coisa alguma, a pessoa pode ser<br />

transformada em qualquer coisa, e em compensação, desde que a pessoa sinta-se<br />

completamente integrada em si mesma ela não pode ser hipnotizada nem passar por<br />

lavagem cerebral.<br />

Não é por acaso que à medida que se aprofunda a hipnose a pessoa pode ser<br />

picada com um alfinete e nada sentir e usa-se isso para verificar se ela está mesmo<br />

hipnotizada ou não. Eu encaro isso como uma reafirmação da opinião <strong>Primal</strong> que o<br />

verdadeiro eu, tanto na hipnose como na neurose, já foi narcotizado e adormecido. A<br />

neurose, portanto, é uma forma de hipnose mais a longo prazo e universal. Se não<br />

fosse assim, como poderíamos explicar o fato do neurótico ser assolado por dores de<br />

que não se dá conta? É bem possível que, em alguns casos, a hipnose produza<br />

estados quase psicoticos. Quando alguém se torna um Liberace, nem mesmo não<br />

sabendo quem é Liberace, e não tem outra consciência, qual é a diferença entre ele e<br />

a pessoa que se tornou Napoleão num hospício? Em neuroses, psicoses e hipnoses,<br />

nós estamos tratando com a parte que surgiu no split separada do sentimento e da<br />

imposição de identidades irreais. Os pais neuróticos impõem essas identidades ou<br />

papéis aos seus filhos inconscientemente, ao passo que o hipnotizador o faz em sã<br />

consciência. E consegue fazer isso porque há pessoas que estão dispostas, e até<br />

mesmo ansiosas, de se transformarem para poderem ser o bom menino. A<br />

necessidade de ser um súdito leal foi que contribuiu para produzir os nazistas, ou<br />

gente disposta a matar os outros para servir à pátria.<br />

A Terapia <strong>Primal</strong> é o oposto da hipnose porque se propõe a amarrar a pessoa<br />

aos seus próprios sentimentos fugindo ao que os outros esperam dela. Desde que<br />

está totalmente envolvida com o presente é pouco provável que alguém possa alhear

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