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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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melhorem. Quando o terapeuta quer ajudar e oferece alguns conselhos, ele está<br />

então incentivando a transferência "positiva". Uma vez que eu acredito que a<br />

transferência é a neurose, acho que tudo que se faça com o paciente, além de ajudálo<br />

a sentir a sua Dor, só pode ser considerado como prejudicial.<br />

Os pacientes muitas vezes apaixonam-se pelos terapeutas porque eles lhe<br />

fornecem o que estão inconscientemente procurando com seu comportamento<br />

neurótico. Não é de admirar se um paciente que nunca encontrou nada na vida<br />

agarre-se à terapia durante anos seguidos desde que tenha encontrado ali um bom<br />

pai, e para isso sujeitam-se a tudo. Na minha opinião, a última coisa que um paciente<br />

deseja é uma discussão da transferência. Prefere ficar abrigado em suas relações<br />

com o analista.<br />

O terapeuta <strong>Primal</strong>, no entanto, vai até os sentimentos escondidos. Isso<br />

significa fazer cessar todos os sinais de transferência positiva ou negativa porque<br />

tudo é comportamento simbólico. Se alguém me perguntasse o que aconteceria no<br />

caso do terapeuta possuir qualquer fator positivo ou negativo, eu responderia que<br />

ele não está ali para que gostem ou não dele. Só está ali para causar a Dor e nada<br />

mais. Se não for assim, e se ele ainda não sentiu a sua Dor, o melhor que tem a fazer<br />

é abandonar a Terapia <strong>Primal</strong>. A contra- transferência não pode ser tolerada nos<br />

terapeutas primais porque isso significaria que eles ainda são neuróticos e, portanto,<br />

não podem praticar essa terapia.<br />

Nunca é demais fazer notar que o resultado de todos os comportamentos<br />

simbólicos é o desligamento do sentimento. A contratransferência é o mesmo<br />

comportamento simbólico com o fim de ser amado que o terapeuta está<br />

representando com seu paciente. Isso, é claro, vai piorar as condições do paciente<br />

que ficará esperando alguma coisa dele. Terá que agir de maneira a poder estancar a<br />

Dor do terapeuta e portanto será irreal e falso para consigo mesmo.<br />

Vamos agora tomar o exemplo de um terapeuta que se julgue afetuoso e bom<br />

e que abrace o seu choroso paciente procurando confortá-lo com palavras<br />

carinhosas. Para mim esse in loco parentis resultará no desligamento do sentimento<br />

e evitará que o paciente sinta tudo que deve sofrer para finalmente conseguir chegar<br />

onde quer. Poderá fazer com que o paciente sinta-se totalmente só sem ninguém<br />

que o conforte, e essa é a realidade comum de muitos neuróticos. O conforto de<br />

parte do terapeuta é assim contraproducente. Qualquer atitude dessa natureza só<br />

servirá para privar o paciente de sua razão para lutar.<br />

Se um terapeuta <strong>Primal</strong> segurar as mãos ou a cabeça de seu paciente, isso<br />

poderá geralmente significar que ele deseja vê-lo mais atraído para os seus pais. Isso<br />

pode ser feito quando o paciente estiver sentindo tudo que não recebeu de seus<br />

pais, e o contraste com o terapeuta servirá para aumentar a Dor.<br />

Sob o ponto de vista <strong>Primal</strong>, a razão por que a análise de transferência não

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