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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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fazia aquelas coisas.<br />

Sei agora, depois da terapia, que em breve estaria louco. Sentia, cada vez<br />

mais, que meu corpo e minha mente estavam separados, cada qual fazendo coisa<br />

diferente.<br />

Na minha condição de neurótico eu não conseguia saber o que me tornava<br />

impulsivo. Era muito doloroso. Começava a sentir a dor logo que ficava sozinho e<br />

tinha que fazer aquilo.<br />

Durante a terapia eu deixava que o impulso me envolvesse. Em lugar de me<br />

dividir fugindo do sentimento e masturbando-me, eu finalmente conseguia que a<br />

mente acompanhasse o corpo e isso levava a verdades horríveis. Lembro-me da<br />

minha primeira <strong>Primal</strong>, quando cheguei sentindo o impulso. Quase saí no carro para<br />

a rua em busca de uma mulher. O terapeuta disse-me que deixasse vir o impulso.<br />

Senti a ereção e fiquei tremendamente excitado. Pensei que ia certamente<br />

acontecer. No ápice da sensação eu comecei a gritar, "não! não! não!" Depois vi um<br />

rosto de mulher, Jesus! Era o rosto de minha mãe. Comecei a gritar. "Mamãe,<br />

mamãe! Está doendo! Está doendo! Não me deixe sozinho! Papai vai me matar." Não<br />

podia lhe dizer o medo que tinha de meu pai. Compreendi imediatamente que<br />

quando exibia o meu pênis eu queria que uma mulher estranha visse o meu rosto<br />

contorcido pelo orgasmo para verificar então que eu precisava proteção. Era minha<br />

mãe que precisava conhecer meu medo, mas eu nunca tinha coragem para lhe<br />

contar. Aliás ela estava também muito doente para eu estar a sobrecarregá-la com<br />

meus problemas. E eu então agia daquela forma maluca nas paradas de ônibus.<br />

A pressão que me levava a fazer tudo aquilo era o medo de meu pai e a<br />

necessidade de proteção de minha mãe. Logo que liguei tudo direitinho já não<br />

precisei mais fazer demonstrações. De fato, já não havia mais pressão e sim apenas<br />

dor.<br />

Antes da terapia a minha mente nunca estava junto com o corpo. Não posso<br />

compreender como terminei o ginásio. Ainda leio e escrevo muito mal. Mas era um<br />

bom atleta e tinha muita habilidade manual. Consertava as coisas. Eu tinha que ser<br />

estúpido porque quando ficava esperto e começava a estabelecer as ligações mentais<br />

com toda aquela pressão que me levava para a rua, eu acabava descobrindo-me<br />

estirado no chão do consultório do Dr. Janov debatendo-me como um peixe fora da<br />

água. Aquelas sensações eram dinamite. Vejo agora que se não tivesse a liberação<br />

sob fiança depois que fui preso, eu certamente teria ficado louco varrido. Exibia-me<br />

porque aquele era o único meio que eu tinha para afastar-me das sensações. Por<br />

mais louco que pareça, ainda mesmo depois de preso e sabendo a encrenca em que<br />

me metera, eu continuava a sair para masturbar-me em frente de mulheres<br />

enquanto aguardava o meu julgamento! Não encontrava saída.<br />

Antes da terapia eu mesmo julgava-me altamente sexual, mas agora

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