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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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convencional talvez torne o paciente mais neurótico. O que parece fazer é ajudá-lo a<br />

esquematizar o seu comportamento irracional em termos de alguma teoria<br />

enganando-o que está melhor porque está "compreendendo" ao mesmo tempo que<br />

produz o que eu chamo de "neurótico psicologicamente integrado". A<br />

"compreensão" na terapia convencional é apenas mais um disfarce para a Dor. Uma<br />

das principais pragas da humanidade, depois das doenças mentais, é o tratamento<br />

delas. Não há necessidade dos pacientes explicarem o que sentem e falar sobre isso<br />

ad nauseam. O que eles precisam mesmo é sentir.<br />

Desde que nos separamos dos sentimentos dos pacientes para entrarmos nos<br />

domínios da interpretação terapêutica, quase tudo pode transformar-se em verdade.<br />

O paciente que não consegue sentir aceita qualquer coisa. É obrigado a aceitar as<br />

interpretações alheias de suas ações porque ele mesmo não consegue ver a verdade.<br />

E mais ainda, a interpretação teórica feita por um terapeuta pode muito bem ser a<br />

expressão de seus sentimentos reprimidos complicadamente simbolizados em<br />

termos teóricos. Dessa forma ele pode encontrar conotações sexuais ou agressivas<br />

no que o paciente está contando e que são mais problemas do terapeuta do que do<br />

paciente. Também pode ser verdade que a interpretação de um terapeuta nada<br />

tenha a ver com sentimentos de ninguém e simplesmente venha de alguma teoria<br />

encontrada em compêndios ou elaborada por alguém algumas décadas antes. Essa<br />

teoria pode haver agradado ao terapeuta em vista de seus sentimentos reprimidos, e<br />

então ele passa a adotá-la para uso em outros.<br />

Enquanto continuar existindo a barreira para os sentimentos, tanto o paciente<br />

como o terapeuta só podem fazer conjeturas sobre o que está por baixo. Aos palpites<br />

do terapeuta damos o nome de teoria. Quando o paciente consegue aprender essa<br />

teoria na forma como é aplicada ao seu comportamento, ele pode, ser considerado<br />

"curado". Como eu penso que os insights nunca devem preceder a Dor, acho que a<br />

obrigação do terapeuta é ajudar a remover a barreira entre o pensamento e o<br />

sentimento de forma que o paciente possa, ele mesmo, estabelecer as suas ligações.<br />

De outra forma, o terapeuta pode levar anos explicando as coisas ao paciente que<br />

nunca tem a sua vez.<br />

É possível que tenhamos considerado o insight visto pelo lado errado, já que<br />

ele talvez não cause a mudança e sim seja um resultado dela. Isso torna-se claro<br />

quando consideramos que o insight é o resultado da ligação entre o sentimento e o<br />

pensamento quando aplicado a um comportamento específico. A "ligação" é o<br />

termo-chave pois é possível saber-se as coisas mentalmente sem estabelecer uma<br />

ligação e portanto, sem fazer mudança. Sem a Dor não pode haver um insight real<br />

para o neurótico. Poderíamos dizer que o insight é o resultado mental da dor que se<br />

sente.<br />

A dor está integralmente relacionada com o insight. Enquanto perdurar o<br />

processo do insight dentro de um sistema neurótico onde a Dor impede que ele

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