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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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desejarem transcendência. As pessoas que terminam a Terapia <strong>Primal</strong> nunca falam<br />

dessas experiências a que Maslow se refere.<br />

Os existencialistas já estão tentanto abandonar as campanhas de ansiedades<br />

básicas e forças instintivas para se concentrarem em processos de auto-atualização,<br />

numa campanha para nos levar à saúde. Rollo May e seus companheiros explicam<br />

uma parte da posição existencial 33 : "A característica do neurótico é que a sua<br />

existência está obscurecida... coberta por nuvens e não sanciona seus atos. O<br />

objetivo do Existencialismo é que o paciente tenha uma existência real." Isso se<br />

parece com o que quer também a Terapia <strong>Primal</strong>, mas a própria linguagem do<br />

existencialismo escurece a realidade em causa. O que é exatamente a existência? O<br />

que significa para alguém ter a sua existência escurecida pelas nuvens?<br />

O compromisso é coisa importante no existencialismo. O objetivo é ajudar o<br />

paciente a livrar-se do vazio existencial e comprometer-se com alguma coisa positiva<br />

e que caminha em frente. Os existencialistas raciocinam que as pessoas podem<br />

conseguir sentir o seu eu por meio do compromisso. Mas para que alguém se<br />

comprometa com alguma coisa é preciso que esse eu exista. O neurótico está<br />

separado da maior parte de seus atos e portanto, por definição, não pode se<br />

comprometer integralmente com coisa alguma. Um empresário totalmente<br />

comprometido com o seu negócio está geralmente tentando fazer o seu eu irreal<br />

trabalhar, e se sentir o que está fazendo, é muito provável que não esteja totalmente<br />

comprometido com a sua empresa.<br />

Em termos clínicos, a posição existencial é parecida com a escola racional. Um<br />

homossexual passaria a sentir a sua heterossexualidade por meio de compromissos<br />

com atos heterossexuais. Eu acredito, porém, que a neurose não é apenas uma<br />

questão daquilo que fazemos, e sim do que somos. Uma pessoa pode praticar<br />

dezenas de atos heterossexuais e continuar sendo homossexual porque sente e tem<br />

necessidade de alguém do mesmo sexo. Um ato não vai varrer essa necessidade para<br />

sempre. Esse é o engano do homossexual latente que procura afastar suas<br />

tendências com sucessivos atos heterossexuais, tudo sem resultado. Ele pode até<br />

mesmo negar o seu desejo de amor dos pais. É possível que alguém nunca tenha<br />

praticado o homossexualismo e, ainda assim, sinta-se bastante homossexual.<br />

Discutimos isso na seção do homossexualismo. O neurótico sempre pode praticar um<br />

novo ato, mas isso dificilmente modificará sua neurose.<br />

Os existencialistas, de um modo geral, discutem os compromissos das<br />

pessoas, o seu comportamento atual e a sua filosofia. Eu não acredito que a<br />

discussão possa mudar o que ele é. Para o neurótico, a discussão é muitas vezes<br />

alguma coisa que está por cima do sentimento. Conserva a pessoa "mental" para que<br />

ela não possa sentir sua verdadeira personalidade.<br />

33 Rollo May, Ernest Angel e Henri Ellenberger, Existence (New York, Basic Books, 1960)

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