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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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com suas “mamães" ou “papais"? É para transformá-los em pessoas reais e amadas.<br />

Já que isso não pode acontecer, o resultado é que a luta continua.<br />

Podemos, no entanto, chegar a uma dúvida nesse ponto. “Como vamos saber<br />

que o neurótico sofre realmente uma intensa dor?" Em todos os casos que vi,<br />

independentemente do diagnóstico psiquiátrico, a Dor só surge depois que a defesa<br />

tenha sido esmagada. A Dor está sempre presente e encontra- se espalhada em todo<br />

o corpo num estado tenso generalizado.<br />

Mas poderá surgir ainda uma outra dúvida. “Como podemos saber que a<br />

pessoa não está simplesmente reagindo ao mal que lhe causa o terapeuta?" Em<br />

primeiro lugar, o terapeuta não causa nenhum mal. É o ataque à defesa que permite<br />

ao paciente sentir a si mesmo, as suas necessidades, seus desejos e suas mágoas.<br />

Segundo, logo que a maior parte da barreira pensamento-sensação é destruída, a<br />

sensação desponta constantemente de forma espontânea. Terceiro, a dor leva o<br />

paciente imediatamente de volta à sua vida e quase nunca se centraliza no<br />

terapeuta.<br />

Por uma curiosa deturpação da razão, nós chegamos ao ponto de acreditar<br />

que aquele que mais tolera a dor é, sem dúvida, o mais forte e o mais virtuoso. A<br />

pessoa que sofre em silêncio é um homem de verdade, é um durão. No entanto,<br />

acontece justamente o contrário, pois o homem que não é de verdade é quem<br />

melhor suporta porque está imune à dor. O que parece estarmos dizendo é que<br />

aquele que mais se sacrifica, que melhor sabe sofrer, é certamente o ganhador da<br />

Corrida Neurótica. Parece existir uma relação direta entre o auto-sacrifício e a<br />

virtude no homem ocidental, não somente na nossa vida religiosa onde se exalta a<br />

renúncia como também no costume do homem comum que trabalha duro para<br />

sustentar a família e que talvez morra moço ainda devido ao sacrifício. Essa pessoa<br />

que não encontrou tempo para cuidar de si mesmo, que sempre se sacrificou,<br />

termina a sua vida num auto-sacrifício. É somente nesse sentido, creio eu, que se<br />

poderia dizer que a irrealidade mata.

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