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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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noite inteira. Essa técnica poderá ser usada de quando em quando durante as<br />

primeiras duas semanas da terapia individual.<br />

O isolamento e a vigília são técnicas importantes que muitas vezes trazem o<br />

paciente para mais perto da <strong>Primal</strong>. O objetivo do isolamento é privar o paciente de<br />

todas as suas usuais válvulas de escape de tensão ao passo que a vigília<br />

provavelmente ajudará a enfraquecer o que lhe restar de defesas. Fica com menos<br />

recursos para combater seus sentimentos. O objetivo não é permitir que o paciente<br />

se alheie. Um paciente contou-me que quando ia na metade da noite ele procurava<br />

animar-se, e sempre que parava para olhar lá fora pela janela do hotel, começava a<br />

chorar convulsivamente sem saber por que. Uma outra entrou em pânico e teve que<br />

me telefonar à meia-noite para que eu lhe garantisse que não ia ficar louca. A solidão<br />

muitas vezes torna o neurótico desesperado. Para muitos pacientes, aquela primeira<br />

noite no hotel é a primeira vez em anos que ficam sós e que pensam neles mesmos.<br />

Não têm onde ir nem o que fazer. Não encontram como representar a irrealidade.<br />

Uma das importantes funções da vigília durante a noite inteira é não permitir que os<br />

pacientes representem suas irrealidades em sonhos. A falta de sono ajuda a derrubar<br />

as defesas, em parte porque a simples fadiga torna a pessoa incapaz de representar<br />

seu ato mas principalmente porque não pode fazê-lo por intermédio dos sonhos e<br />

não pode, portanto, aliviar a tensão. Detendo esse ato simbólico, com a vigília, nós<br />

trazemos a pessoa para mais perto de suas sensações ou sentimentos. Além de tudo<br />

isso, um bom número de estudos e pesquisas já mostrou que o isolamento em si já<br />

prepara a pessoa para a dor.<br />

A Primeira Hora<br />

O paciente chega sofrendo. Não está fumando ou tomando tranquilizantes, e<br />

sente-se cansado e apreensivo. Não tem certeza sobre o que deve esperar. Pode ser<br />

que fique esperando cinco ou dez minutos além de sua hora marcada para fazer a<br />

tensão aumentar. O gabinete a prova de som está numa semiescuridão e o telefone<br />

está desligado. O paciente deita-se no sofá. Digo-lhe que fique de braços abertos<br />

porque quero o seu corpo numa posição que não lhe permita defesa. Descobri a<br />

importância dessa posição e postura quando observei, presos recém-chegados às<br />

suas celas onde passavam os primeiros dias com as pernas cruzadas, os braços<br />

descansando na barriga e o corpo curvado sobre os joelhos como se aquilo os<br />

protegesse contra a solidão, o desespero e a dor. O que acontece a partir desse<br />

ponto, naturalmente, depende muito do paciente. A seguir dou um exemplo típico.<br />

O paciente passa a discutir sua tensão e seus problemas, sua impotência,<br />

dores de cabeça, depressão e mal-estar geral. E possível que exclame: "De que<br />

adianta tudo isto?"; "Todo mundo está bem doente e já não sobra mais ninguém";<br />

"Já estou cansado de estar só! Não consigo fazer amigos e quando isso acontece eu

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