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JANOV, Arthur. Grito Primal, O

Terapia Primal: A cura das neuroses.

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tornavam-se símbolos da mãe.<br />

Os órgãos sexuais funcionam de maneira verdadeira quando a pessoa é real e<br />

de maneira irreal quando a pessoa também é irreal.<br />

Em todos os atos dos neuróticos há um sistema duplo que funciona: o sistema<br />

real com as suas privações e necessidades, e o sistema irreal que tenta preencher<br />

simbolicamente essas necessidades inconscientes. Assim, o eu irreal parece estar<br />

participando de sexo maduro ao mesmo tempo que a criança que existe dentro dele<br />

está querendo ser amada. E uma vez que está à procura de amor infantil, o neurótico<br />

inconscientemente é obrigado a fazer de seus parceiros a pessoa dos pais, ou seja,<br />

alguém irreal. Não é de surpreender, portanto, se a pessoa se torna impotente ou se<br />

é traída pelo seu corpo de outras formas.<br />

Um outro exemplo. Um homem não conseguia ereção com sua bela mulher<br />

enquanto ela não lhe falasse de outros homens com quem desejaria ir para a cama. A<br />

sua descrição minuciosa dos órgãos sexuais dos outros homens serviam-lhe como<br />

estímulo e excitação. A relação com sua mulher, em termos Primais, era<br />

essencialmente homossexual. Ele não tinha relações com ela e sim com as<br />

necessidades que lhe tinham sido negadas na primeira infância e que surgiam na<br />

preocupação simbólica com órgãos sexuais. Esse mesmo homem tivera um pai fraco<br />

e apagado que pouco lhe falava e nenhum carinho lhe dispensava. Tudo que ele<br />

queria tinha que pedir primeiro à sua mãe que então ia pedir ao pai. Isto é, tinha que<br />

ir através da mãe para chegar ao pai o que era essencialmente a mesma coisa que<br />

estava fazendo com o sexo. A necessidade que sentia do pai estava sempre presente,<br />

mas como lhe era negada, veio a ser simbolizada na forma de um pênis. Assim,<br />

durante o sexo a sua relação era o símbolo do amor paterno e não sua mulher. Para<br />

ser verdadeiramente heterossexual, ele teria que livrar-se daquela necessidade do<br />

pai.<br />

Mais um último exemplo. Durante o ato sexual uma mulher imaginava estar<br />

sendo dominada e brutalizada contra sua vontade. A experiência do ato era a de uma<br />

criança desamparada, uma vítima do sexo e não apenas uma parceira em igualdade<br />

de condições. Essa mulher tivera um pai sádico e brutal que a chamava de "puta"<br />

quando ela era moça, com menos de vinte anos; não lhe permitia encontros com<br />

namorados e ridicularizava a sua maquilagem. Ela não reconhecia a sua necessidade<br />

do amor paterno, mas durante o ato revia-se como vítima indefesa (do pai) pois só<br />

assim conseguia sentir alguma coisa.<br />

Em todos esses casos, o ato do sexo é simbólico, é uma tentativa para<br />

solucionar velhas necessidades. A pessoa não sente a situação em que se encontra<br />

pois está relacionada com uma fantasia. Assim, para algumas mulheres, o ato pode<br />

significar amor, e para alguns homens pode significar virilidade, poder, vingança. A<br />

função da fantasia durante o sexo é a recriação da luta primitiva entre pais e filhos. A<br />

diferença crucial, no entanto, é que durante o sexo a pessoa está tendo aquilo que

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