Revista Aquaculture Brasil 3ed.
Novembro/Dezembro 2016
Novembro/Dezembro 2016
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Poderá o conce ntrado substituir a<br />
pro dução local (“ on-site ”) de microalgas?<br />
D r . R o b e r t o B i a n c h i n i D e r n e r - r o b e r t o . d e r n er@ u f s c . b r<br />
Laboratório de Cultivo de Algas, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC.<br />
M<br />
uitos dos animais produzidos<br />
em aquicultura dependem<br />
das microalgas para sua nutrição.<br />
Reconhecidamente, a quantidade<br />
de microalgas consumida (tanto<br />
cultivadas quanto provenientes do<br />
ambiente natural) é muito maior<br />
do que a quantidade de pescado<br />
produzido, levando em conta o somatório<br />
da produção mundial de<br />
peixes, camarões e de moluscos.<br />
Desta forma, as microalgas não devem<br />
ser consideradas meramente<br />
como alimentos naturais, mas sim<br />
como um setor de produção e, na<br />
verdade, o maior em volume.<br />
© http://reedmariculture.com/<br />
Geralmente, maior atenção<br />
tem sido dada à produção de microalgas<br />
na etapa de larvicultura<br />
destes animais, uma vez que, em<br />
nível comercial não é possível a<br />
substituição das microalgas por<br />
redução dos índices (parâmetros)<br />
zootécnicos (sobrevivência, ganho<br />
em peso, resistência à doenças, etc.).<br />
Para suprir esta demanda, os laboratórios<br />
de larvicultura precisam<br />
desenvolver seus próprios cultivos<br />
de microalgas (produção local<br />
ou “on-site”), sendo que, diversas<br />
questões devem ser consideradas:<br />
o setor de produção de microalgas<br />
implica num grande investimento<br />
em infraestrutura;<br />
tem elevado custo de<br />
operação, considerando<br />
a necessidade de mão de<br />
obra especializada e os<br />
insumos, bem como, os<br />
sistemas de baixíssima<br />
produtividade; a produção<br />
das culturas<br />
pode ter variações em<br />
volume (épocas do ano,<br />
contaminação etc.) e<br />
na qualidade da bioco<br />
das células, valor<br />
nutricional); além disso,<br />
nem sempre a produção<br />
das culturas de<br />
microalgas está alinhada<br />
à demanda, assim,<br />
ora faltam microalgas,<br />
enquanto noutros momentos<br />
as culturas são<br />
desperdiçadas. Cabe esclarecer<br />
que, quando menor o laboratório<br />
mais complicada e dispendiosa<br />
será a produção local de microalgas.<br />
Diversos laboratórios em<br />
outros países têm empregado concentrados<br />
(ou pasta) de microalgas<br />
como uma alternativa, ou de<br />
forma complementar, à produção<br />
“on-site”. Visando esta demanda,<br />
algumas empresas oferecem estes<br />
concentrados como um produto<br />
comercial: InstantAlgae® e<br />
EasyAlgae®, por exemplo. Estes produtos<br />
têm sido empregados, principalmente,<br />
no cultivo de larvas e<br />
juvenis de moluscos, na larvicultura<br />
de camarões marinhos, e na produção<br />
de organismos forrageiros<br />
(copépodes, rotíferos e artêmia)<br />
para uso na alimentação de larvas<br />
de peixes marinhos.<br />
Na literatura internacional,<br />
diversos estudos dão conta de que<br />
o emprego da pasta de microalgas<br />
não causa redução nos índices<br />
zootécnicos em comparação<br />
ao uso das culturas (frescas) de<br />
microalgas. Mesmo assim, alguns<br />
pontos devem ser considerados:<br />
existe uma demanda por parte dos<br />
laboratórios brasileiros, entretanto,<br />
a aquisição depende de importação,<br />
ou seja, não existe produção<br />
comercial no <strong>Brasil</strong> e, por falta de<br />
regras de importação e de conhena<br />
alfândega e/ou sob condições<br />
inadequadas de conservação; outro<br />
fato que desestimula o uso das pas-<br />
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AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016