10.10.2019 Views

Revista Aquaculture Brasil 3ed.

Novembro/Dezembro 2016

Novembro/Dezembro 2016

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

que podemos observar é que a piscicultura<br />

O marinha de peixes de corte a nível mundial é<br />

basicamente direcionada para espécies carnívoras.<br />

Como exemplo temos o salmão, as diversas espécies<br />

de linguado e mais recentemente o bijupirá e o atum.<br />

Diferentemente, na piscicultura dulcícola o que podemos<br />

observar é a grande dominação e expansão<br />

da produção de espécies onívoras. Apenas como<br />

exemplo as duas principais espécies produzidas na<br />

piscicultura brasileira são a tilápia e o tambaqui,<br />

que juntas representam 70% da produção nacional.<br />

Piscicultura Marinha<br />

PORQUE A PISCICULTURA MARINHA PRODUZ<br />

APENAS ESPÉCIES CARNÍVORAS?<br />

Dr. Ricardo Vieira Rodrigues - vr.ricardo@gmail.com<br />

Estação Marinha de Aquicultura (EMA)<br />

Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS<br />

Em termos gerais a larvicultura de peixes marinhos<br />

não é realizada de forma extensiva, pois para as espécies<br />

carnívoras apresenta<br />

baixas taxas de<br />

sobrevivência e praticamente<br />

sua totalidade<br />

de juvenis produzidos<br />

é realizado em sistema<br />

intensivo, o que vem<br />

sendo copiado para<br />

as espécies onívoras<br />

marinhas. A larvicultura<br />

intensiva, além de<br />

ser trabalhosa é bastante<br />

longa, durando de 30<br />

a 60 dias para a maioria<br />

das espécies e possui<br />

um elevado custo. Esses custos estão relacionados<br />

principalmente com a produção do alimento<br />

vivo que é extremamente elevado. A nível mundial<br />

o zooplâncton que é crucial na alimentação das<br />

larvas desses peixes está baseado nos rotíferos e<br />

nas artêmias, que possuem um custo de produção<br />

muito elevado. Esses aspectos supracitados resultam<br />

em um juvenil de peixe marinho com elevado<br />

custo de produção. Por exemplo, um juvenil<br />

de bijupirá vendido no <strong>Brasil</strong> hoje custa de 3 a 5<br />

reais. Esse valor de juvenil seria impraticável para<br />

juvenis de peixes onívoros, que produzidos em<br />

sistema intensivo não possuem um valor de mercado<br />

muito mais baixo que espécies carnívoras. A<br />

grande questão é que espécies carnívoras apresende<br />

investir em um juvenil de elevado valor.<br />

No <strong>Brasil</strong>, espécies como a tainha<br />

Mugil liza e a carapeva Eugerres brasilianus<br />

estão sendo estudadas. Além dos entraves<br />

que citei previamente, a tainha é uma espécie<br />

que apresenta desova total ainda possui<br />

elevado custo para sua indução hormonal,<br />

enquanto a carapeva possui uma acentuada<br />

mortalidade possivelmente atribuída ao<br />

diminuto tamanho da larva. A mortalidade na<br />

larvicultura da carapeva pode também estar<br />

associada a alguma etapa da sua metamorfose,<br />

como por exemplo a formação da sua boca<br />

nutricional do alimento ofertado. Contudo,<br />

saliento que para ambas as espécies as informações<br />

disponíveis ainda<br />

são muito escassas.<br />

De qualquer forma,<br />

essas espécies são<br />

promissoras para novos<br />

estudos. Para a tainha<br />

eu aponto a necessidade<br />

de investir em estudos<br />

que reduzam os custos<br />

com indução hormonal,<br />

que são elevados, porém<br />

a espécie apresenta boa<br />

sobrevivência na larvicultura.<br />

E para a larvicultura<br />

de ambas as<br />

espécies seria importante<br />

investir em produção de uma espécie<br />

de alimento vivo de menor custo, principalmente<br />

em substituição a artêmia (algo que já<br />

vem se tentando a algum tempo, mas ainda<br />

sem sucesso). Outra possibilidade para redução<br />

dos custos seria avaliar larviculturas<br />

de forma extensiva para essas espécies, assim<br />

como é realizado para algumas espécies<br />

de peixes de água doce. De qualquer<br />

forma ainda é necessária uma demanda<br />

para essas espécies no mercado nacional.<br />

O tema dessa coluna foi sugestão do<br />

meu grande amigo Gabriel Passini que em<br />

breve defenderá seu doutorado em aquicultura<br />

na UFSC, em piscicultura marinha.<br />

Figura: © Gabriel Passini<br />

AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!