Revista Aquaculture Brasil 3ed.
Novembro/Dezembro 2016
Novembro/Dezembro 2016
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que podemos observar é que a piscicultura<br />
O marinha de peixes de corte a nível mundial é<br />
basicamente direcionada para espécies carnívoras.<br />
Como exemplo temos o salmão, as diversas espécies<br />
de linguado e mais recentemente o bijupirá e o atum.<br />
Diferentemente, na piscicultura dulcícola o que podemos<br />
observar é a grande dominação e expansão<br />
da produção de espécies onívoras. Apenas como<br />
exemplo as duas principais espécies produzidas na<br />
piscicultura brasileira são a tilápia e o tambaqui,<br />
que juntas representam 70% da produção nacional.<br />
Piscicultura Marinha<br />
PORQUE A PISCICULTURA MARINHA PRODUZ<br />
APENAS ESPÉCIES CARNÍVORAS?<br />
Dr. Ricardo Vieira Rodrigues - vr.ricardo@gmail.com<br />
Estação Marinha de Aquicultura (EMA)<br />
Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Rio Grande, RS<br />
Em termos gerais a larvicultura de peixes marinhos<br />
não é realizada de forma extensiva, pois para as espécies<br />
carnívoras apresenta<br />
baixas taxas de<br />
sobrevivência e praticamente<br />
sua totalidade<br />
de juvenis produzidos<br />
é realizado em sistema<br />
intensivo, o que vem<br />
sendo copiado para<br />
as espécies onívoras<br />
marinhas. A larvicultura<br />
intensiva, além de<br />
ser trabalhosa é bastante<br />
longa, durando de 30<br />
a 60 dias para a maioria<br />
das espécies e possui<br />
um elevado custo. Esses custos estão relacionados<br />
principalmente com a produção do alimento<br />
vivo que é extremamente elevado. A nível mundial<br />
o zooplâncton que é crucial na alimentação das<br />
larvas desses peixes está baseado nos rotíferos e<br />
nas artêmias, que possuem um custo de produção<br />
muito elevado. Esses aspectos supracitados resultam<br />
em um juvenil de peixe marinho com elevado<br />
custo de produção. Por exemplo, um juvenil<br />
de bijupirá vendido no <strong>Brasil</strong> hoje custa de 3 a 5<br />
reais. Esse valor de juvenil seria impraticável para<br />
juvenis de peixes onívoros, que produzidos em<br />
sistema intensivo não possuem um valor de mercado<br />
muito mais baixo que espécies carnívoras. A<br />
grande questão é que espécies carnívoras apresende<br />
investir em um juvenil de elevado valor.<br />
No <strong>Brasil</strong>, espécies como a tainha<br />
Mugil liza e a carapeva Eugerres brasilianus<br />
estão sendo estudadas. Além dos entraves<br />
que citei previamente, a tainha é uma espécie<br />
que apresenta desova total ainda possui<br />
elevado custo para sua indução hormonal,<br />
enquanto a carapeva possui uma acentuada<br />
mortalidade possivelmente atribuída ao<br />
diminuto tamanho da larva. A mortalidade na<br />
larvicultura da carapeva pode também estar<br />
associada a alguma etapa da sua metamorfose,<br />
como por exemplo a formação da sua boca<br />
nutricional do alimento ofertado. Contudo,<br />
saliento que para ambas as espécies as informações<br />
disponíveis ainda<br />
são muito escassas.<br />
De qualquer forma,<br />
essas espécies são<br />
promissoras para novos<br />
estudos. Para a tainha<br />
eu aponto a necessidade<br />
de investir em estudos<br />
que reduzam os custos<br />
com indução hormonal,<br />
que são elevados, porém<br />
a espécie apresenta boa<br />
sobrevivência na larvicultura.<br />
E para a larvicultura<br />
de ambas as<br />
espécies seria importante<br />
investir em produção de uma espécie<br />
de alimento vivo de menor custo, principalmente<br />
em substituição a artêmia (algo que já<br />
vem se tentando a algum tempo, mas ainda<br />
sem sucesso). Outra possibilidade para redução<br />
dos custos seria avaliar larviculturas<br />
de forma extensiva para essas espécies, assim<br />
como é realizado para algumas espécies<br />
de peixes de água doce. De qualquer<br />
forma ainda é necessária uma demanda<br />
para essas espécies no mercado nacional.<br />
O tema dessa coluna foi sugestão do<br />
meu grande amigo Gabriel Passini que em<br />
breve defenderá seu doutorado em aquicultura<br />
na UFSC, em piscicultura marinha.<br />
Figura: © Gabriel Passini<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
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