Revista Aquaculture Brasil 3ed.
Novembro/Dezembro 2016
Novembro/Dezembro 2016
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RANICULTURA<br />
A<br />
SERÁ A ESPECIALIZAÇÃO O CAMINHO?<br />
Dr. Andre Muniz Afonso<br />
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Palotina, PR.<br />
andremunizafonso@gmail.com<br />
ranicultura é uma atividade zootécnica por essência<br />
e seu ciclo produtivo pode ser dividido em 3 fases distintas<br />
– reprodução, larvicultura ou girinagem e engorda.<br />
A atividade completou 80 anos de existência no <strong>Brasil</strong> em<br />
2015. Muitos modelos de produção foram criados, uns<br />
em uso, ainda que aprimorados, outros completamente<br />
abolidos. A alimentação também continua sendo motivo<br />
maior percentual de custo da produção, além disso, seu<br />
desenvolvimento resulta em melhor aproveitamento dos<br />
nutrientes da dieta e menor descarga de dejetos. Porém,<br />
o ranicultor ainda desenvolve todas as etapas de criação.<br />
Um ranário clássico é conhecido por desenvolver a ranicultura<br />
integral, onde todas as suas fases estão representadas.<br />
Devemos manter esse formato ou seguir o exemplo<br />
de outras cadeias produtivas, como as do frango, dos<br />
suínos e dos peixes? Será a especialização o caminho?<br />
Para respondermos é necessário entender primeiro<br />
cada etapa do ciclo produtivo. A reprodução<br />
é composta por animais que, desejavelmente, devem<br />
possuir características zootécnicas interessantes e baixa<br />
consanguinidade, de modo a obter-se o máximo de<br />
heterose possível aliada às características de produção<br />
transformam em juvenis<br />
são pequenos. A falta de padrão<br />
se dá pela ausência de<br />
no que tange a esse segmento.<br />
Reprodução e engorda acontecem ainda que o produtor<br />
erre, mas a girinagem não. Ela é um grande gargalo.<br />
cia, rendimento de carcaça, entre outras. Devido à não<br />
especialização, hoje os ranários não possuem reprodutores<br />
selecionados, muitas vezes são consanguíneos e não<br />
existe marcação dos animais, logo não se pode traçar<br />
um esquema de cruzamentos favoráveis, nem tampouco<br />
conhecer sua história reprodutiva. Como a reprodução<br />
é o berço de qualquer atividade de criação, a falta de<br />
conhecimento e investimento nessa etapa provoca uma<br />
A fase seguinte, representada pela criação dos girinos,<br />
é realizada em tanques de dimensões diversas, por<br />
materiais de cobertura diversos, com densidades animais<br />
diversas, ainda que existam orientações relacionadas a<br />
esses detalhes. Por que isso ocorre? Normalmente<br />
porque se superdimensiona a reprodução e se<br />
subdimensiona a larvicultura, logo são obtidas<br />
muitas desovas e o produtor, por não<br />
querer desperdiçá-las, acaba por adensar<br />
taxas de mortalidade se<br />
e os animais<br />
elevam<br />
que se<br />
Figura 1. Instalações de laboratório de reprodução de um ranicultor<br />
especializado na produção de juvenis (Afonso, 2013).<br />
subdividida em inicial (criação dos imagos ou juveseu<br />
peso e tamanho são inferiores ao padrão ideal.<br />
Pode ocorrer maior mortalidade e mais ração será<br />
empregada no sentido de conduzir o animal ao<br />
o custo de produção. Após 50 gramas passamos a<br />
chamá-los somente de rãs e sua criação é extremante<br />
fácil, ainda que desenvolvida de diferentes maneiras.<br />
Agora podemos responder que manter o formato<br />
atual não é o melhor caminho, portanto somos<br />
favoráveis à especialização. Ela pode promover uma mudança<br />
conceitual na forma como se produzem as rãs.<br />
e permite a concentração de esforços e investimentos.<br />
Figura 2. Técnico aplicando hormônio indutor da reprodução em<br />
macho de rã-touro americana (Afonso, 2014).<br />
AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016<br />
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