Revista Aquaculture Brasil 3ed.
Novembro/Dezembro 2016
Novembro/Dezembro 2016
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SANIDADE<br />
Estreptococoses<br />
na tilapicultura<br />
Dr. Santiago Benites de Pádua<br />
AQUIVET Saúde Aquática,<br />
São José do Rio Preto, SP.<br />
tualmente as<br />
santiago@aquivet.com.br Adoenças bacterianas<br />
são os<br />
principais problesando<br />
impactos econômico, social e ambiental com a<br />
ocorrência de surtos de mortalidade. Entre os agentes<br />
etiológicos, três espécies de estreptococos se destacam,<br />
sendo Streptococcus agalactiae, Streptococcus<br />
iniae e Streptococcus dysgalactiae, os agentes causadores<br />
destas enfermidades. No <strong>Brasil</strong>, temos a ocorrência<br />
das três espécies de estreptococos como causadores<br />
de infecção em tilápia, no entanto, S. agalactiae<br />
é a bactéria que apresenta maior prevalência e possui<br />
ampla distribuição territorial,<br />
sendo detectada em praticamente<br />
todos os polos de tilapicultura<br />
estabelecidos no <strong>Brasil</strong>.<br />
Tradicionalmente, a infecção<br />
pelo Streptococcus spp.<br />
ocasiona infecção sistêmica, contudo,<br />
este agente possui tropismo<br />
pelo sistema nervoso central, o<br />
que leva ao quadro de meningoencefalite<br />
bacteriana, com a<br />
evolução de sinais clínicos neurológicos<br />
(nado em rodopio) e<br />
– Figura 1); podendo ainda haver pericardite supuratio<br />
que por sua vez pode se tornar uma efusão celomática<br />
(acúmulo de líquido na cavidade celomática). A<br />
manifestação clínica da doença pode variar conforme<br />
sua fase, virulência da estirpe bacteriana e fatores de<br />
riscos associados. Na fase aguda da doença observamos<br />
principalmente sinais clínicos neurológicos e<br />
observamos caquexia, efusão celomática, bem como<br />
musculatura dos animais infectados.<br />
O principal fator de risco associado à infecção<br />
pelos estreptococos é o aumento da temperatura da<br />
água, sendo, portanto, uma doença de maior impacto<br />
no período de primavera e verão. Geralmente<br />
a infecção por esta bactéria ocorre em temperaturas<br />
acima de 28 ºC, além disso, altas densidades de estocagem,<br />
baixos níveis de oxigênio dissolvido na água<br />
e más condições de limpeza das telas dos tanques-rede<br />
são fatores adicionais que aumentam o risco de<br />
emergência de surtos pelos estreptococos. O principal<br />
grupo de risco para esta doença na tilapicultura são<br />
les que tornam o tratamento com antibioticoterapia<br />
mais oneroso.<br />
Figura 1. Tilápia do Nilo infectada naturalmente por<br />
Streptococcus agalactiae<br />
Nos últimos anos, temos observado algumas<br />
variações nestes padrões da doença, onde os animais<br />
mais jovens, muitas vezes juvenis<br />
com menos de 30g, ou até<br />
mesmo alevinos, manifestando<br />
a doença de forma clássica.<br />
Além disso, já detectamos sua<br />
ocorrência durante os dois últimos<br />
invernos, causando surtos<br />
importantes com temperatura<br />
da água na faixa de 19,5º C<br />
a 23ºC. Estas observações nos<br />
levam a acreditar na adaptabilidade<br />
do agente infeccioso em<br />
toda a cadeia de produção, com<br />
potencial risco de transmissão a<br />
partir do plantel de matrizes.<br />
Para contenção de surtos agudos de estreptococos,<br />
a melhor estratégia é a partir do uso de ração<br />
medicada com antibióticos. Para mortalidades de<br />
menor proporção, pode-se fazer o uso de algumas<br />
estratégias de manejo que são responsivas, tais como<br />
cessar o arraçoamento temporariamente, uma vez que<br />
a infecção por esta bactéria ocorre via trato gastrointestinal.<br />
A redução da densidade de estocagem para<br />
períodos de altas na temperatura da água também é<br />
uma estratégia que auxilia a reduzir o impacto pela enfermidade.<br />
No entanto, a ferramenta mais efetiva para<br />
ativa das formas jovens, com uso de vacina injetável<br />
que atualmente já se encontra disponível no mercado<br />
nacional.<br />
Figura : © Santiago Benites de Pádua<br />
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AQUACULTURE BRASIL - NOVEMBRO/DEZEMBRO 2016