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ANO 1
Nº 2
JUNHO/JULHO
2021
EDITORIAL
3
Na quarta parte da versão francesa do Discurso sobre
o Método, René Descartes escreve a famosa frase: “Je pense,
donc je suis”, “cogito ergo sum” em latim, “penso, logo existo”,
em bom português. Trazendo para 2021, e seguindo o raciocínio
do filósofo, físico e matemático francês, quantas pessoas
ainda existem? Afinal de contas, castra-se cada vez mais o indivíduo
para valorizar o pensamento coletivo, aquele efeito de
manada, de cardume que nada para o mesmo lado, sem questionamento,
sem pensar, sem existir. Não somos peixes, não
somos gado, somos seres pensantes e questionadores por natureza,
e o debate de ideias contrárias nos faz aprender mais,
pensar mais, existir mais. A manipulação de massas não tem
lado, não tem cor, não tem partido político, não tem religião
nem ideologias. Ela é ancestral e, hoje em dia, encontra mais
eco nas pessoas que “pensam” por redes sociais, alimentam
suas convicções, seus ódios, seus preconceitos com notícias
falsas, com mentiras deslavadas, colocadas na internet com
o único intuito de perpetuar interesses próprios. E pensar incomoda.
Que o diga Sócrates, o filósofo grego, condenado à
morte por não acreditar nos costumes e nos deuses gregos,
unir-se a deuses malignos que gostam de destruir as cidades
e corromper jovens com suas ideias. Nada mais atual, diga-se
de passagem.
A grande questão é quando esse censor invisível chega
à arte e à cultura, áreas de livre pensar por natureza. Por isso
a Revista Cultural Traços abraça todos os pensamentos, todos
os estilos, todas as linguagens, todas as artes.
Estão abertas as portas para a segunda edição da nossa
revista, que apenas quer fazer a cultura girar.
Ótima leitura.
Ótima cultura.
“Cogito, ergo sum” para todos.
Revista Cultural Traços
Por amor à cultura. Para um mundo que sempre precisa
de arte.