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Traços 2

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ANO 1

Nº 2

JUNHO/JULHO

2021

JHULIA VITÓRIA

FERREIRA SALES

Jatobá - PE

Sou Jhulia Vitória Ferreira

Sales, nasci em

02/12/2005 em Natal,

RN. Aos 12 me

mudei para Jatobá, PE e aos

14 entrei para o clube do

conto, onde escrevemos histórias.

Meu gênero favorito

é conto.

VIZINHANÇA

Minha rua é bem pequena e se

tem algo de importante para

destacar nela é que qualquer

movimentação se torna imediatamente

de conhecimento geral. E foi assim

que um calmo dia de sábado virou euforia

com a chegada de um novo vizinho que se

mudou para a casa de n° 5.

O caminhão de mudança parou e por uma

mera coincidência, acreditem, todos os moradores

tinham alguma coisa para fazer em suas

respectivas portas.

E como de costume, os moradores começaram

a traçar os seus julgamentos sobre o novato

pelas características de seus móveis:

“Mulher, o que é que uma pessoa com um

sofá e uma geladeira tão bonita vem fazer

num bairro desse?”

“Mulher, sei não. Muito estranho.”

E lá pelas tantas, muitos se reuniram na porta

de dona Zefinha sob pretexto para tomar

um açaí que ela vendia. Foi quando entrou

pela rua um grande carro vermelho e parou

em frente à casa de n° 5. De dentro dele saiu

uma jovem mulher de cabelos de fogo que ao

avistar a vizinhança reunida deu um rápido

aceno com a mão e entrou casa adentro.

A porta mal fechou e os burburinhos já recomeçaram:

“Você viu que antipática!”

“Muito carinha de mimada”

Poucos minutos depois apareceu pela rua um

homem alto, de cabelos castanhos, vestindo

roupas simples e na sua companhia trazia um

enorme cachorro preto encoleirado. Parou

frente à calçada.

“Boa tarde, me disseram que aqui vende um

gostoso açaí. Está quanto? “

“Cinco reais, meu filho. Vai querer um?”

O homem só afirmou com a cabeça. E enquanto

dona Zefinha preparava o açaí daquele

cliente, o assunto da nova vizinha voltou à

tona:

“Achei muito enjoada”

“Você viu que cor de cabelo de tanto mau

gosto”

“Achei os móveis muito cafona”

“Ah, amanhã vou já fazer a minha visita”

“E virou fofoqueira, foi?”

“Fofoqueira, eu? Claro que não, só cuido do

bem da nossa vizinhança.”

A conversa continuou animada sobre a nova

moradora até que dona Zefinha entregou o

açaí. O homem que já tinha tirado o sorriso

do rosto, recebeu o sorvete, pagou e mal respondeu

ao agradecimento. Dirigiu-se à casa

de nº 05. Entrou. Bateu a porta!

Os vizinhos se entreolharam e a voz de um

deles confirmou o que todos estavam pensando:

“É outro mal-educado!”

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