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Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

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das composições poéticas». No entanto, podemos estabelecer uma relação entre os<br />

caracteres definidores da concepção de crítica exposta nesta obra, e os aplicados<br />

pela crítica pictórica. As relações que unem teoria literária e teoria da pintura e,<br />

consequentemente teoria crítica, são sumamente conhecidos e a comprová-lo o<br />

facto da maioria dos escritores e comentadores que se dedicaram ao género da<br />

crítica artística provirem, durante este período, do campo literário.<br />

A defesa do génio, do gosto e do sentimento são temas sublinhados pelo ensaio de<br />

Pope. A afirmação de que a arte da poesia ou da pintura são ambas uma questão de<br />

sentimento e que consequentemente este sentimento, o génio, o gosto e uma imaginação<br />

viva podem julgar a arte, põe em questão a própria importância das regras<br />

e preceitos defendidos por outros autores.<br />

Escrito e publicado pela primeira vez em 1780, as Regras da Arte da Pintura de<br />

Prunetti nascem num contexto bastante diverso do inglês. Em Portugal, o tratado<br />

de Prunetti seria traduzido por José da Cunha Taborda. Depois de ter estudado<br />

na Academia Romana, Taborda foi Professor da Aula de Pintura do Castelo em<br />

1796, e director da Aula de Gravura da Tipografia do Arco do Cego em 1801.<br />

Este percurso dava-lhe consciência das dificuldades dos alunos portugueses, especialmente<br />

a flagrante ausência de bases teóricas. Até à publicação desta tradução<br />

tinham sido muito poucas as obras editadas ou traduzidas que oferecessem regras<br />

segundo a doutrina clássica, considerada então indispensável ao exercício das belas<br />

artes. O segundo artigo do Ensaio de Prunetti é dedicado às Reflexões sobre a Arte<br />

Crítico-Pictórica. Contrariando a importância concedida ao sentimento, ao génio e<br />

ao gosto como medidas judicativas defendidas por Pope, Prunetti considera que<br />

«[…]as regras, e os princípios de uma Arte são os meios, pelos quais se pode julgar<br />

da bondade das suas produções». É ao amador de arte que dirige as suas reflexões<br />

para que este possa com critério «descobrir os defeitos de um quadro; bem como<br />

as diversas maneiras, e estilos dos Artistas; e diferenciar as cópias dos seus originais».<br />

No entanto, não lhe concede a liberdade subjectiva necessária ao julgamento da<br />

obra de arte. As primeiras advertências referem-se às Belezas e defeitos que devem ser<br />

alvo de atenção. A análise não se regia «pela tenção, qualquer que ela [fosse]», mas pelas<br />

normas e princípios da arte estabelecidas no primeiro artigo do Ensaio. A «justeza»<br />

do método implicava, primeiro, «ver repetidas vezes as melhores pinturas», só depois<br />

seria possível avaliar os «graus de bondade» de um quadro, que poderiam ser de três<br />

tipos: «O medíocre, o bom e o excelente». Para chegar à avaliação do grau de merecimento<br />

tornava-se conveniente «considerar a sua espécie, e depois as diferentes<br />

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