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Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

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no século XXI, o que é que está a acontecer? São os tipos que escrevem que estão<br />

na vanguarda e estão a dizer-nos o que é que devemos pintar? Ou a descrever as<br />

imagens que devemos criar? Ou somos nós que estamos a mostrar a imagem, e<br />

depois os tipos lentamente lá vão escrevendo, e daqui a cinquenta anos já devem ter<br />

percebido o que nós fizemos hoje?<br />

A história serve justamente para isso, porque, ao ver o que é que então se passava,<br />

consegue-se perceber mais ou menos o que é que se está a passar hoje. Porque o<br />

que se passa é sempre mais ou menos a mesma coisa, apesar de tudo mudar.<br />

Estive a ler atentamente o que é que se passava no século XVI, mas não cheguei a<br />

nenhuma conclusão em especial porque realmente, com já disse, cada autor diz as<br />

coisas mais variadas sobre este assunto. De qualquer das maneiras, a sensação que eu<br />

tenho, é que hoje predomina a ideia real ou inventada de que os teóricos é que realmente<br />

estão à frente. Ou seja, o que se escreve é considerado mais avançado, mais<br />

genial, mais elaborado e realmente depois, os artistas visuais cumprem o programa<br />

que está já mais ou menos estabelecido pelos, digamos, críticos de arte.<br />

Há nomeadamente um caso que foi muito importante nos anos cinquenta, nos<br />

Estados Unidos, o do crítico de arte que se chamava Clement Greenberg, sobre o<br />

qual se diz que “fez”, toda uma geração dos expressionistas abstractos, “Pollocks”,<br />

e não sei que mais... Consta que o diálogo era ao nível do «não, não é isto!» ou «é<br />

aquilo que tu tens de fazer!» Não utilizando estas palavras, mas sim a linguagem<br />

altamente elaborada que os críticos de arte utilizam. O Pollock: “Ai é? Ah porreiro,<br />

e tal...”. E então começou a fazer o que o outro dizia, aquilo correu bem e toda a<br />

gente começou a dar-lhe palmadas nas costas e a dizer que era o melhor do mundo.<br />

O Jackson Pollock no entanto decidiu regressar à figuração. Bom, pouco tempo<br />

depois, suicidou-se. Era alcoólico e morreu num desastre de automóvel, há probabilidades<br />

de o desastre de automóvel fosse um suicídio. Mas de qualquer maneira,<br />

durante algum tempo, diz-se que uma relação, digamos, entre o programador e o<br />

programado funcionou perfeitamente, portanto a obra visual surgia como uma<br />

espécie de ilustração de um programa teórico.<br />

Nos finais do século XVI, também existiu um momento muito importante, que<br />

foi chamado o Movimento da Contra-Reforma, como vocês sabem. Resumindo, a<br />

certa altura houve a Reforma. A Igreja Católica lá encaixou aquela coisa de alguns<br />

cristãos já não quererem saber do Papa para nada e daí a própria Santa Sé ter reagido<br />

e criado então uma espécie de militância religiosa que passava muito pelas imagens.<br />

Era preciso, que os católicos se distinguissem dos protestantes e uma das coisas<br />

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