You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Num curioso encontro promovido pelo ex-primeiro-ministro António Guterres<br />
no CCB em 2001, foram reunidos cerca de “30 jovens de todos os quadrantes” para<br />
dar uma opinião especializada do rumo a dar a Portugal…<br />
Fiquei chocado com as contribuições de 27 dos meus colegas pelo cretinismo,<br />
obtusidade e estupidez. Acredito que eles também ficaram comigo. Esse texto aqui<br />
transcrito seria uma espécie de oráculo para um chefe sobre o estado artístico (civilizacional)<br />
da sua nação:<br />
- Falo na qualidade de artista<br />
Não quero parecer esfíngico mas vou oferecer um enigma:<br />
A arte oficial de Estado em Portugal é preta.<br />
A arquitectura oficial de Estado em Portugal é branca.<br />
A cultura artística em Portugal é a preto e branco.<br />
Não se deve senatorializar a arte e a arquitectura.<br />
Os artistas não são soldados que lutam nas fronteiras do conhecimento e do vísivel<br />
prefigurando na sua arte uma espécie de futuro colectivo global.<br />
A arte é uma função pública mas os artistas não devem ser funcionários públicos.<br />
Agora temos des-profissionalização, deveres sacerdotais, obrigações e sujeito absoluto<br />
descentrado.<br />
É difícil para os artistas competir com o capitalismo publicitário em impacto visual,<br />
ubiquidade e efeito.<br />
Apagou-se o conceito romântico do artista criador de beleza.<br />
A informação que recebemos é um superfluxo em supersessão instantaneamente<br />
produzida, transformada e descartada num processo ad infinitum de complexificação<br />
e polimorfia.<br />
O político homeopata substituiu o político-cirurgião e em muitos casos aparece o<br />
político curandeiro.<br />
97