Fig. 2 - Erich Mendelsohn, Broadway à noite. Na sua fotomontagem, Lissitsky enfatiza essa relação do homem com o espaço circundante, e com o modo como a modernidade, pela característica da sua evolução tecnológica, induzia a leituras e percepções de velocidade. Na fotografia original de Mendelsohn, Broadway à noite, o papel da luz era fulcral como elemento transformador dos objectos observados, em que a profusão de néon diluía as marcas arquitectónicas produzindo, segundo palavras do próprio um ambiente de estranheza. A fotomontagem de Lissitsky dilui ainda mais essa percepção de linhas e volumes, susbtituindo-a por uma figuração, também ela alterada, pela inserção de linhas ho- 54
izontais e pelo arrastamento do corredor em pleno salto. A percepção operante de toda a imagem passa a ser então a velocidade, intensificada pela sobreposição de planos e oposição de linhas contrárias. Mas se a velocidade constituía a referência do modelo visual vanguardista, a quebra dos ângulos de visão tradicionais secundava-lhe em importância. Alexander Rodtchenko (1891-1956), foi o artista russo que por excelência entendeu a câmara fotográfica como o instrumento fracturante dos ângulos de visão comuns. Para Rodtchenko, a fotografia permitia que todas as coisas fossem vistas de múltiplos ângulos possíveis, através da recusa do plano do olhar ou do meio-corpo, já que este se inseria num conceito classicista e renascentista de visão, a que o Construtivismo se opunha. O objecto devia ser fotografado de diversos pontos e em várias posições, “não façam fotopinturas, façam fotomomentos de valor documental, de modo a acostumar as pessoas a verem de novos pontos de vista, é essencial tirar fotografias todos os dias, e de temas familiares, a partir de inesperados pontos de vista e posições (…) E os mais interessantes pontos de vista, hoje em dia, são aqueles vistos de cima para baixo, de baixo para cima e as suas diagonais.” 4 A fotografia Escadas de incêndio (1925), revela de forma sintética o ideário visual de Rodtchenko, em que estava em jogo não o que se fotografava mas como se fotografava. A ideia de uma revolução visual como garante e plataforma mental para uma revolução social e política é, porventura, um dos traços mais significativos do seu trabalho e da importância com que a fotografia passa a ser utilizada nos círculos artísticos da vanguarda russa. Para o Construtivismo, a fotografia e a máquina fotográfica, através da subversão das suas próprias capacidades técnicas, permitia romper com as lições de perspectiva clássicas, o fotógrafo era o operador da mudança duma história visual cujos fundamentos já não eram meramente estéticos, antes tinham-se instituído como uma parte integrante da revolução social e política. Não admira, portanto, que Manifestação (1932) tivesse este tratamento visual inusitado, independentemente do domínio da fotografia, neste caso, mais aproximado ao objectivismo da foto-reportagem, a revolução do modo de olhar do fotógrafo devia ser sempre imperante, era essa irreverência do olhar que constituía a essência da mensagem fotográfica construtivista, não o significado do tema. 4 Alexander Rodtchenko “Puti sovremennoi fotografi” (os caminhos da fotografia moderna) originalmente publicado in Novi lef, nº 9 (1928), compilado in Photography in the Modern Era- European Documents and Critical Writings 1913-1940, New York, Moma/Aperture, 1989, p.261 55
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