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Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

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conjunto da fortuna crítica enunciada, nenhum dos textos inventariados desenvolve<br />

de forma sistemática a análise da evolução urbanística e arquitectónica da cidade<br />

de Évora no século XIX como um fenómeno que pode ser interpretado do ponto<br />

de vista da História da Arte. Por outro lado, também se pretende articular as transformações<br />

introduzidas na morfologia da cidade com as atitudes contemporâneas<br />

para com o património edificado e entendê-las não como processos sucedâneos e<br />

incompatíveis - o monumento que teve de ser demolido para que novo edifício<br />

pudesse ser levantado, ou a adulteração estrutural da velha construção de modo a<br />

permitir a sua adaptação a outras funções, ou o novo equipamento que foi preterido<br />

a favor da conservação de uma construção mais antiga -, mas como um fenómeno<br />

global, entendendo que a cidade é um organismo constituído por diversificadas<br />

sedimentações, cuja renovação implicou, implica e implicará sempre a anulação,<br />

a manutenção e a recuperação de manifestações de diferentes níveis temporais,<br />

embora dispostos em novos enquadramentos. Procuraremos, assim, caracterizar o<br />

desenvolvimento de tal processo dentro dos limites cronológicos estabelecidos.<br />

2.Contextualização<br />

Expandir, circular, higienizar e tipificar foram os princípios que determinaram o<br />

paradigma da cidade do século XIX, seja nas teorias e nos discursos acerca do espaço<br />

citadino, seja nos projectos concebidos e elaborados, seja nas transformações<br />

efectivamente operadas na morfologia dos centros urbanos. Princípios cuja origem<br />

remonta ao século XVIII, mais especificamente aos ideais que pretenderam aplicar<br />

o espírito racionalista das Luzes ao traçado das povoações, em prol do seu melhoramento.<br />

De facto, o dealbar dos anos de 1700 foi fértil em planos de construção<br />

que procuraram prever, senão mesmo condicionar, o sentido do crescimento das<br />

cidades, delimitando-o e ordenando-o de modo a definir uma espacialidade que<br />

se adequasse às melhorias que a filosofia iluminista desejava ver introduzidas nas<br />

sociedades europeias ou fomentasse a formação de sistemas sociais mais justos. Utopias<br />

que representam a reacção dos intelectuais iluministas às crises então vividas e<br />

que muitas vezes incluíam ou pressupunham o delineamento de estruturas urbanas<br />

capazes de as acolher. O enunciado urbano formalizado pelos arquitectos e os teóricos<br />

iluministas impunha a ultrapassagem dos limites históricos das antigas cidades<br />

europeias - o que implicava o derrube de velhas muralhas, ultrapassada que estava<br />

a sua função defensiva -, a criação de redes públicas de água e de estruturas de saneamento<br />

básico, a construção de cemitérios e hospitais públicos, o calcetamento<br />

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