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Passando a observar a crítica aos eventos ocorridos notemos o que foi escrito sobre a<br />
XIV exposição da Academia do Porto ocorrida em 1884. M.[anuel?] R.[odrigues?]<br />
(c.1847-1899) que se dedicou sobretudo à actividade jornalística e escreveu o conhecido<br />
romance A rosa do adro, afirmava, que a Academia Portuense era o melhor<br />
estabelecimento de ensino artístico do país, tanto na frequência de alunos como<br />
no aproveitamento. De facto, podia esgrimir vários nomes sonantes: Silva Porto,<br />
Marques de Oliveira, Soares dos Reis, Artur Loureiro, entre outros.<br />
Em 1880, a exposição da Sociedade Promotora de Belas-Artes recebeu um novo<br />
fôlego, mercê da apresentação dos trabalhos de Carolus Duran, Silva Porto e Marques<br />
de Oliveira. Com este certame, julgou-se na revista O Occidente, que a arte<br />
nacional deixaria de ser considerada um mito. A opinião de Rangel de Lima (1839-<br />
1909) sobre este evento é muito significativa, sobretudo porque este Crítico escrevia<br />
para vários órgãos: A Arte, O Diario de Noticias e o Diario da Manhã. Já na década<br />
anterior o nome de Rangel de Lima era um dos mais importantes. Sócio fundador<br />
da Sociedade Promotora das Belas-Artes em Portugal, dramaturgo, funcionário do<br />
Ministério da Marinha, desenvolvia uma intensa actividade jornalística. Rangel de<br />
Lima chegou a qualificar Silva Porto como impressionista, mas também como realista,<br />
o que revela uma certa incongruência na utilização da terminologia analítica.<br />
Apesar de ter distinguido as diferentes apreciações, notemos que após ter comparado<br />
Silva Porto a Júlio Dinis, no Diario de Noticias, no Diario da Manhã aproximá-loia<br />
de Eça de Queirós... Referindo Céfalo e Procris de Marques de Oliveira lamentava<br />
a fraca representatividade de Pintura de História, o que é, de resto, uma das linhas<br />
de força que transitaram do período anterior.<br />
Rangel de Lima apontava a deficiente cultura artística do público. De facto, eramlhe<br />
oferecidos poucos instrumentos de educação do gosto: no ensino faltava um<br />
cuidado atento às disciplinas relacionadas com as artes, e eram praticamente inexistentes,<br />
ou obsoletos, os museus e as exposições. Este certame iluminou o panorama<br />
e o público acorria, com entusiasmo, à exposição. Satisfeito com a mudança, Rangel<br />
de Lima comparava o “cenário” com o que tinha acontecido há oito anos atrás,<br />
quando predominavam os referentes mitológicos. Distinguia a renovação que Carolus<br />
Duran tinha introduzido no retrato, revelando igualmente o seu desprezo pela<br />
fotografia. Columbano foi desde logo registado como uma individualidade ímpar,<br />
mas censurava-lhe a reduzida dimensão dos quadros e o tratamento displicente da<br />
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