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É com as exposições públicas que a crítica conquista um cunho distintivo que jamais<br />
perderá: propõe-se como um apreço pessoal, fundamentado inicialmente num<br />
enorme leque de critérios institucionalizados, que valoriza as obras e as confronta.<br />
É uma escrita expressiva, fortemente adjectivada, que informa sobre os conteúdos<br />
da obra mas numa de um modo exaustivo. Nascia, deste modo, um novo género<br />
literário directamente ligado à actividade artística, que supunha a existência de uma<br />
indústria periódica – só no ano da fundação da Academia de Belas Arte de Lisboa<br />
surgiram cerca de 66 periódicos – e consequentemente de leitores entre os quais<br />
se pudesse difundir.<br />
A Inauguração do Salão de 1843.<br />
«Abriram-se hoje, [22 de Dezembro de 1843] ao público as portas do templo das belas artes.<br />
Por terceira vez, veio a Rainha, distribuir por suas próprias mãos, aos alunos desta esperançosa<br />
Academia, os prémios que lhes haviam sido adjudicados. À volta do meio-dia, entraram na<br />
Sala, nobremente adereçada para receber esta solene sessão SS. MM. a Rainha e El-rei, os<br />
Srs. Ministros de Estado, acompanhados do Sr. Conselheiro Director, do corpo Académico, e<br />
dos alunos. A sala estava cheia de convidados de todas as hierarquias; e de ambos os lados, havia<br />
uma galeria superior vistosamente guarnecida de senhoras. […]. Terminada a sessão, SS.<br />
MM. foram visitar todas as aulas onde estavam expostas as novas obras, do que se mostraram<br />
extremamente satisfeitos. E El-rei, como grande entendedor que é, interrogou os respectivos<br />
professores, fazendo observações muito a ponto e judiciosas. Perto de três horas se detiveram<br />
SS. MM. na Academia, saindo visivelmente gostosos e lisonjeados, e todo o seu séquito,<br />
ficando o estabelecimento patente por estes dias. Foi na verdade a abertura da exposição da<br />
Academia de Belas Artes de Lisboa, de 1843, uma solenidade nacional e majestosa».<br />
Este excerto da notícia publicada na Revista Universal Lisbonense por Silva Túlio é<br />
demonstrativo da importância social da Exposição da Academia de Belas Artes na<br />
sociedade portuguesa.<br />
Segundo os estatutos da Academia cabia à Conferência Geral «graduar o merecimento<br />
dos concorrentes aos Prémios, examinando com a maior diligência tudo quanto<br />
possa servir para que o seu juízo seja severamente justo». Dois galardões, uma medalha<br />
de ouro e outra de prata, foram atribuídos aos alunos que mais se destacaram<br />
em Pintura, Arquitectura e Escultura. Os discípulos que se propuseram ao prémio<br />
de Pintura tiveram como programa de concurso, aprovado pela Academia, o tema<br />
da Criação do Homem. Os de Escultura, a realização de uma Estátua de Camões. Na<br />
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