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Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

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«documento histórico» 36 . Recorrendo ao vocabulário gastronómico cravava as suas<br />

farpas no público: «A estética da multidão é sempre uma estética de mesa redonda,<br />

com o menu imposto pelo mestre da cozinha: os desenjoativos de rigor, o pudim<br />

sabido, e a competente fruta incomestível das sobremesas à discrição. No banquete<br />

da arte o público gosta de ter tudo pautado pela sua rotina gastronómica» 37 . E mais<br />

adiante acrescentaria: «Todo o progresso de arte está estreitamente e solidàriamente<br />

ligado à cultura do gosto público. (…) Para ter artistas que prestem é preciso ter<br />

público que os solicite» 38 … Assim vem a propósito lembrar o divertido «Menu<br />

Ornamental» apesar de ser um desenho da década anterior, que consagrou uma<br />

“verdadeira” nouvelle cuisine: desde o «Potage au Musée des Beaux Arts», passando<br />

pelos «Asperges Celtiques» e terminando, por exemplo no sorvete de pêssego de<br />

luz eléctrica.<br />

Para Jaime Batalha Reis a obra de arte era produto de outra assimilação: «resultado da<br />

commoção do artista creador, - d’aquelle que pôde realisar em symbolos, elle mesmo,<br />

o seu espirito, - e deve considerar-se como objecto de commoção para todos os que a<br />

observam, para todos os que encontram n’ella, creados por outrem, symbolos dos<br />

proprios sentimentos» 39 . Notemos a insistência no termo “símbolo”, certamente<br />

utilizada com profunda intenção. Para Batalha Reis a comoção estética não era<br />

provocada em exclusivo pela obra de arte, mas sim por todos os seres ou fenómenos<br />

«que podem tornar-se symbolos, exteriorisações, corporisações, representações<br />

adequadas, não da intelligencia mas do sentimento, não da parte completamente<br />

pensavel mas da intimamente sensivel, não da parte inteiramente determinavel mas da<br />

essencialmente vaga e indefinida do espirito humano».<br />

Ao avaliar na Revista Illustrada a primeira exposição do Grémio, Ramalho Ortigão<br />

remeteu o epíteto de Crítico de Arte para Fialho de Almeida e para Joaquim de Vasconcelos.<br />

Considerava-se a si mesmo como um «artista da crítica (…) um comunicador<br />

de impressões pessoais, um viandante que passa, através do seu tempo, contando<br />

coisas que viu e dizendo os sentimentos que algumas dessas coisas lhe inspiram» 40 .<br />

36 Cf. Ramalho Ortigão, Arte Portuguesa, vol.III, p.149.<br />

37 Idem, p.169.<br />

38 Idem, p.175.<br />

39 Revista de Portugal, 1892, vol.IV, p.143.<br />

40 Ramalho Ortigão, Arte Portuguesa, vol.III, p.163.<br />

40

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