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Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

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de como o primeiro dos Pintores realistas portugueses. Alguns Críticos e Cronistas<br />

de Arte ao atribuírem essa designação, não queriam destoar de um determinado<br />

espírito do tempo que se vivia em Portugal, e que se queria novo, revolucionário<br />

e diferente do anterior. A essa diferença correspondia a designação de Realismo,<br />

ainda que o termo fosse vazio ou impróprio para a correspondência pictórica que<br />

assinalava.<br />

Coloca-se, assim, uma questão pertinente: será que a meio da década de setenta se<br />

viviam tempos tão distintos do panorama artístico da década anterior? No início<br />

de setenta asseverava-se n’As Farpas, a propósito dos literatos realistas, que a tinta<br />

que usavam para escrever era «diluida em verdade». Mas que verdade era essa que<br />

“o Realista” Alfredo de Andrade mostrava em cores? Se nessas crónicas se garantia<br />

que o Realismo «ensina a conhecer a personalidade interna, pelas exterioridades do<br />

corpo» que corpo senão o da natureza, este autor deu a conhecer? E que equívocos<br />

não geraria esta designação se ela é em si mesmo complexa e dupla…<br />

Se a doçura do pitoresco não estivesse presente nesta década, os Artistas que viviam<br />

em apuros económicos, veriam acrescidas as suas dificuldades num mercado de arte<br />

pequeno, como o existente em setenta, e composto, na sua generalidade, por um<br />

público de formação incipiente. Por isso, quando n’As Farpas se refere: «Nós não<br />

somos os meigos lisongeadores do mundo em que vivemos: o nosso processo não é<br />

positivamente o do pintor Latour, debaixo dos cujos amaveis pasteis se idealisavam<br />

as feições de todas as mulheres da Regencia, que elle retratou. Nós não procuramos<br />

o ideal, procuramos apenas o verdadeiro. Não é tão difficil de achar, mas custa<br />

um pouco mais a expôr. Ora as verdades são como as cabeças de marcella: Se não<br />

amargam não prestam» 13 parecem esquecer-se do contexto social em que viviam,<br />

procurando promover um modelo que a sociedade, como um todo, ainda não era<br />

capaz de integrar, particularmente no campo das Belas-Artes.<br />

Se o tema do Realismo daria por si só para um sem número de seminários, temos<br />

que prosseguir falando da crítica aos principais eventos. E quais foram eles no anos<br />

70? As exposições escolares das Academias de Belas-Artes de Lisboa e do Porto e,<br />

principalmente, as exposições da Sociedade Promotora de Belas-Artes em Portugal.<br />

Quanto às exposições escolares da Academia de Lisboa podemos referir a dura<br />

observação de Luciano Cordeiro: «Um meu amigo, rapaz de talento e de estudo,<br />

13 As Farpas, Fevereiro de 1872, pp.34-35.<br />

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