26.08.2015 Views

SEMI

Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

Download do livro em PDF - CHAIA - Universidade de Évora

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

se deprava, se interrompe ou se extingue» 7 … Defendia a História e a tradição, mas<br />

reagia duramente contra o historicismo excessivo e mal entendido 8 . Acusava igualmente<br />

a falta de seriedade na reflexão teórica: «Andam nos ares (...) uns rumores<br />

desentoados de cosmopolitismo metaphysico, declamatorio, romantico, romanesco<br />

até, que quer passar por philosophia séria, positiva, actual sem se dar ao incommodo<br />

de aprender philosophia» 9 …<br />

Cabe também salientar um impressivo conjunto de questões que Luciano Cordeiro<br />

formulou, sendo extraordinariamente reveladoras do panorama artístico nacional:<br />

«Onde está a nossa arte? E eu perguntarei: porque vos impondes o artificio? Porque<br />

fechaes a porta á nossa historia? Porque pondes um dique ao sentimento e á<br />

tradição nacional? Porque vos isolaes do povo; porque voltaes systematicamente as<br />

costas ao vosso paiz?». Luciano Cordeiro demonstrava o seu horror à cópia perguntando:<br />

«Porque vos constrangeis e mascaraes, por que vos pondes a copiar, mal,<br />

porque nem a copiar bem queremos aprender, a copiar o que vos mesmos chamaes<br />

decadencia artistica?».<br />

Frisando a importância dos modelos franceses, revelava o panorama da arte em<br />

Portugal: «Temos uma arte: é franceza, ou antes uma arte francelha, que ou veste<br />

umas gallas convencionaes e fidalgas, e se diz academica, e se julga fadada para guiar<br />

o mundo, immobilisando-o, ou então veste... ou então não veste cousa alguma, não<br />

se contenta com ser sans-cullote, é obscena, e se proclama Messias regenerador da<br />

moral, da justiça e da verdade na esthetica, fazendo retrogradar esta até ao senso<br />

artistico de certas tribus selvagens» 10 . Para Luciano Cordeiro a necessidade de um<br />

conhecimento profundo da História Pátria surgia como uma exigência iniludível.<br />

Luciano Cordeiro não deixou de rotular como absurda a hipótese de uma incapacidade<br />

nacional relativamente à criação artística que, de resto, os factos desmentiriam.<br />

Em 1870, Eça de Queirós e Ramalho Ortigão começaram a escrever, em parceria,<br />

o folhetim O Mistério da Estrada de Sintra. Continuaram a colaboração n’As Farpas<br />

considerando, com insistência, o estado incaracterístico, frágil e quase inexistente de<br />

7 Luciano Cordeiro, Da Arte Nacional, p.5.<br />

8 Cf. Idem, p.9.<br />

9 Ibidem.<br />

10 Idem, p.19-10.<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!