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vendar. Como o Platão referia, maiêutica, é o processo de dar à luz, ou seja, tornar<br />
consciente uma coisa que estava subentendida. Portanto, nós temos uma simbiose<br />
cultural, do legado grego, em que nesse aglomerado de pessoas havia uma dimensão<br />
social, uma possibilidade de em conjunto darem à luz conceptualizações, ideias,<br />
permutas. Chamava-se polis e era um espaço onde a maiêutica se podia exercitar,<br />
ou seja, o pôr em comum da potencialidade ao acto. O legado romano, é aquilo<br />
que está estabelecido de alguma maneira, e daí a Urbe, que é uma estrutura para<br />
organizar essa aplicação jurídica, do aparelho de Estado no território.<br />
Nós temos aqui um problema muito importante, que é a noção de escala. Todos nós<br />
temos a nossa escala própria, devemos descobri-la na tal linha da maiêutica. Isto é<br />
extremamente importante para o urbanismo. Porque o urbanismo é exactamente<br />
a aplicabilidade jurídica num território para o bem comum e para o serviço de<br />
uma comunidade, e dessa comunidade relacionada com a outra comunidade. Este<br />
conceito aplicado no território deu a divisão administrativa: desde as províncias<br />
romanas, aos distritos romanos, aos concelhos. O sentido de concelho, é a territorialidade,<br />
e o que é que está a gerir um concelho? Uma Câmara Municipal. Não é<br />
por acaso que nós dizemos, a edilidade. Quem era o Edil na hierarquia das funções<br />
romanas? Edilidade, ou municipalidade, quer dizer, que quem manda é tal. Com<br />
certeza já se deram conta, dos chamados Planos Directores Municipais: um diploma<br />
administrativo saído em decreto-lei, que refere a capacidade de desenvolvimento<br />
daquele concelho, e como se compatibiliza com os outros concelhos à volta, com a<br />
região onde está integrada. Não só na linha do desenvolvimento conceptual, económico,<br />
social, cultural, mas baseado, por exemplo, nas riquezas naturais. E o que<br />
é que vocês encontram num Plano Director Municipal? Um regulamento que é<br />
de direito escrito; encontram a representação do território em desenho, através de<br />
um mapa de síntese onde se desenharam os perímetros urbanos, ou seja, até aqui<br />
é urbano, a partir daqui é periurbano e depois é rural. Simultaneamente diz que<br />
esse espaço, entre perímetros urbanos, tem esta ou aquela qualidade, ou seja, é um<br />
terreno bom para a agricultura, que se designa como RAN, que significa Reserva<br />
Agrícola Nacional. Os terrenos de boa qualidade para a agricultura, não devem ser<br />
ocupados para outra função. As terras mais ricas que vocês têm aqui no Alentejo<br />
são os barros à volta de Beja. Nunca deveria ser autorizado fazerem construções<br />
nessas terras. Em qualquer território, nós temos equilíbrios de ecossistemas. Neste<br />
ano em que estamos a celebrar o Ano Internacional da Água, é fundamental termos<br />
a noção equilibrada do seu uso. Temos águas superiores e águas inferiores, desde o<br />
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