GUIA DE ORIENTAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA ENSINO FUNDAMENTAL ANO II
Guia de Orientações para a Intervenção Pedagógica - Sedu
Guia de Orientações para a Intervenção Pedagógica - Sedu
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Diversos fatores podem estar por trás daquelas mudanças. O fato é que passamos<br />
a ter dois tipos de evidências principais que questionaram as velhas crenças e os<br />
velhos métodos. Por um lado, passamos a nos dar conta de que a vivência precoce<br />
de práticas de leitura de textos reais – e não os amontoados de frases artificiais das<br />
cartilhas – era fundamental para que as crianças não só aprendessem as relações<br />
entre letras e sons, mas pudessem, efetivamente, avançar nas competências de ler/<br />
compreender/produzir textos escritos. Assim, em lugar de expormos nossos alunos<br />
a estranhezas como “A aula é ali, Leila” ou “O boi baba”, precisava ler e produzir textos<br />
diversificados e significativos no cotidiano escolar.<br />
Por outro lado, os estudos da psicogênese da escrita demonstraram que aprender o<br />
alfabeto é um trabalho conceitual, que envolve etapas e que requer muito mais que<br />
habilidades perceptivas e motoras. Passamos a nos enfrentar com o dado de que a<br />
escrita alfabética não é um código aprendido com base na memorização e no treino<br />
previsto nos métodos tradicionais. Noutras palavras, ficou demonstrado o grande<br />
equívoco daqueles velhos métodos, ao decidirem o que era “simples” ou “complexo”<br />
para os principiantes e proporem, por exemplo, que se transmitissem, em doses controladas,<br />
informações sobre letras que equivaleriam a fonemas. Passamos a ver, inclusive,<br />
quantos alunos fracassavam porque insistíamos em fazê-los, a cada semana,<br />
pronunciar diferentes fonemas isolados em voz alta ou decorar “famílias silábicas”.<br />
Alfabetizar Letrando<br />
Tanta revolução, infelizmente, criou um vácuo. Passamos a falar de fases ou hipóteses<br />
de escrita, sem discutir, na maior parte das vezes, as questões metodológicas ou<br />
didáticas, tão fundamentais. Afinal, de que adianta observar que as crianças passam<br />
por etapas (pré-silábicas, silábica, alfabética), se não sabemos o que fazer par ajudálas<br />
a avançar em seus conhecimentos?<br />
Infelizmente, no contexto atual, chegamos a encontrar muitos professores e pesquisadores<br />
que passaram a apostar que as crianças poderiam se apropriar “espontaneamente”<br />
da escrita alfabética. Isto é, que se alfabetizariam vivendo apenas situações<br />
em que os adultos leem e produzem textos na sala de aula, sem ajudar os aprendizes<br />
a refletir sobre palavras e sobre as partes – orais e escritas – que as constituem.<br />
Se estamos totalmente de acordo com o princípio e que é necessário “alfabetizar<br />
letrando”, pensamos, contudo, que é papel obrigatório da escola ajudar as crianças a<br />
compreender que as letras representam os sons da fala e a dominar as relações somgrafia<br />
de nossa língua. Para compreender as propriedades do sistema alfabético, o<br />
indivíduo precisa reconstruir uma série de conhecimentos. Mesmo sem saber explicitar<br />
em voz alta, o aprendiz precisa saber que:<br />
125