Edição Especial - Faap
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formalmente inscritos nesse subsistema. Empregados de empresas estatais<br />
também estão incluídos no RGPS, o qual abrange, também, uma minoria de<br />
funcionários públicos contratados pelo regime da Consolidação das Leis do<br />
Trabalho (CLT), e não por regimes próprios do setor público, nos quais os<br />
funcionários são chamados de estatutários. Esses regimes próprios do setor<br />
público constituem um segundo subsistema, e existem nos três níveis de<br />
governo: federal, estadual e municipal.<br />
O terceiro subsistema é constituído pelos fundos fechados de previdência<br />
complementar, constituídos em empresas privadas e estatais, com incentivos fiscais do<br />
Imposto de Renda (IR). Esses fundos também estão previstos para os funcionários<br />
públicos, mas os que já existem não serão abordados neste texto. Para estender o seu<br />
alcance falta regulamentação de emenda constitucional que trata do assunto.<br />
O quarto subsistema é dado pelos planos abertos de previdência,<br />
instituídos por instituições financeiras, aos quais qualquer pessoa pode se<br />
associar, mesmo que já participe dos demais subsistemas já mencionados.<br />
As quatro subseções seguintes abordam separadamente cada um desses<br />
subsistemas, apresentando uma descrição sucinta de suas características, de seu<br />
desempenho recente e de mudanças já realizadas desde a Constituição de 1988.<br />
Tais mudanças envolvem um grande número de detalhes, e a análise procurou<br />
ser abrangente e destacar os aspectos mais importantes, mas sem a pretensão de<br />
ser completa.<br />
1.1. O RGPS<br />
Os números do RGPS impressionam pela sua grande magnitude1. Tomando-se dados relativos à média do período janeiro-agosto de 2005, 23,4<br />
milhões de benefícios mensais eram mantidos pelo RGPS, sendo 19,9 milhões<br />
de natureza previdenciária; 0,8 milhão decorrente de acidentes; e 2,7 milhões<br />
do tipo assistencial. O número total mostrava um crescimento de 5%<br />
relativamente ao mesmo período do ano anterior, valendo lembrar que a<br />
população brasileira cresce atualmente a uma taxa próxima de 1,4% ao ano.<br />
Ainda no período janeiro-agosto de 2005, a preços desse último mês, o RGPS<br />
arrecadou R$ 67 bilhões e gastou R$ 89 bilhões em benefícios, mostrando assim<br />
um déficit de R$ 22 bilhões, correspondente a 24,7% das despesas e a 1,28% do<br />
PIB. Essas despesas cresceram 16% relativamente a igual período de 20042. O elevado crescimento do número de benefícios decorre de fatores como<br />
o envelhecimento da população, a liberalidade nas regras de concessão, e as<br />
baixas taxas de crescimento econômico e de expansão do emprego formal nos<br />
últimos 25 anos (o que contribui para elevar a proporção entre beneficiários e<br />
contribuintes). Voltando um pouco mais no passado, um fator muito<br />
importante para o forte crescimento das despesas no período pós-Constituição<br />
de 1988 foi que ela definiu o salário mínimo como piso dos benefícios rurais<br />
1 Salvo menção em contrário, os números desta subseção têm como fonte o INSS, conforme divulgados<br />
pelo Ministério da Previdência Social (MPAS).<br />
2 Nos seus cálculos o MPAS utiliza como deflator o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto<br />
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para os valores reais citados neste parágrafo foi utilizado o<br />
INPC de agosto de 2005.<br />
O sistema brasileiro de previdência..., Roberto Macedo, p. 110-124<br />
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