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Edição Especial - Faap

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30<br />

O Mercosul não é para<br />

principiantes<br />

José Botafogo Gonçalves*<br />

Resumo: Este artigo analisa o processo de integração sulamericana;<br />

em especial, o futuro do Mercosul a partir da<br />

perspectiva de seus sócios-maiores, o Brasil e a Argentina. O<br />

trabalho faz um recuo histórico político-econômico das políticas<br />

praticadas pelos dois países, avaliando as diferenças estruturais que<br />

ainda persistem no campo bilateral. A partir da enumeração de<br />

algumas dessas diferenças, procura-se identificar medidas que<br />

tenham sentido estratégico a serem negociadas entre os dois, no<br />

intuito de superar os efeitos paralisantes que marcam a conjuntura<br />

de crise do Mercosul. Segue-se, então, apresentando medidas<br />

conciliatórias que solucionem esses impasses e façam o Mercosul<br />

avançar. Por fim, propõe-se uma ação conjunta entre o Centro<br />

Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e seus congêneres na<br />

Argentina, Paraguai e Uruguai para que suas contribuições sejam<br />

diretamente encaminhadas para a Secretaria Pró-Tempore do<br />

Mercosul e se convertam em práticas políticas.<br />

Palavras-chave: Mercosul, integração, Brasil e Argentina, Infraestrutura,<br />

Institucionalização.<br />

O Mercosul vive, hoje, momentos difíceis, reflexos de causas conjunturais<br />

e estruturais que, se não superadas e resolvidas, comprometerão seriamente a<br />

relevância da instituição como promotora da integração regional e do<br />

desenvolvimento de seus países-membros. Desde 1998, com o modesto<br />

crescimento brasileiro, o Mercosul mergulhou numa crise conjuntural sem<br />

precedentes, afetando gravemente a Argentina (perda de 20% do seu produto<br />

bruto), o Uruguai e o Paraguai.<br />

A conjuntura atual parece bem mais promissora para os quatro países da<br />

região, segundo estimativas de órgãos multilaterais como o BID e Cepal, ou<br />

nacionais de cada país. São boas notícias, mas revelam uma excessiva dependência<br />

da instituição Mercosul de situações conjunturais que, como sabemos, tendem a<br />

ser cíclicas. Em outras palavras, o Mercosul não tem conseguido agir, como<br />

instituição regional, com suficiente força e eficácia para contrabalançar os efeitos<br />

inibidores do desenvolvimento econômico e social provocado por conjunturas<br />

recessivas. O grande termômetro dessa fragilidade institucional se mede pelo<br />

volume e natureza do comércio bilateral Brasil e Argentina.<br />

Desde 2003, com o início da recuperação argentina, o comércio bilateral<br />

voltou a crescer, em particular as exportações brasileiras, embora exibindo<br />

novos e inusitados elementos, a saber: a) reversão da tendência histórica de<br />

* José Botafogo Gonçalves é presidente do Conselho Curador do Cebri e foi embaixador na Argentina<br />

de 2002 a 2004. Nota: Este artigo foi concluído em agosto de 2006.<br />

Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006

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