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Edição Especial - Faap

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carga tributária absorvem recursos do setor privado, mas quase tudo vai para<br />

gastos correntes, sendo ínfima a parcela dos gastos que vai para investimentos<br />

em infra-estrutura18. (4) nessas condições, a previdência pública está numa<br />

situação cujos desdobramentos comprometem o próprio crescimento do país.<br />

Quanto à previdência privada, ela poderia contribuir mais do que faz<br />

atualmente, pois arregimenta poupança que poderia financiar investimentos<br />

produtivos. Entretanto, como vimos, seus ativos são predominantemente<br />

títulos da dívida pública, ou fundos constituídos principalmente por esses<br />

papéis, com o que esses recursos são absorvidos com as mesmas distorções<br />

apontadas no parágrafo anterior. Aqui, entretanto, o problema não está na<br />

previdência privada em si, mas na absorção de seus recursos<br />

predominantemente pelo governo, e de uma forma que não contribui para o<br />

crescimento da economia.<br />

3. Conclusões e proposições<br />

Também aqui serão abordados separadamente o sistema público e a<br />

previdência privada. Quanto ao sistema público, foi mostrado que o RGPS é<br />

crônica e crescentemente deficitário devido ao crescimento da razão<br />

beneficiários/contribuintes decorrente de fatores demográficos, do fraco<br />

crescimento da economia e do emprego formal, de dificuldades administrativas<br />

e de liberalidade nas regras de concessão, em particular no setor rural. Isso,<br />

juntamente com o aumento do valor real dos benefícios, derivado<br />

principalmente do contínuo e forte aumento do salário mínimo real. Esse<br />

desequilíbrio se manteve e foi ora agravado, ora parcialmente aliviado por<br />

reformas e políticas pós-Constituição de 1988, inclusive de legislação que<br />

regulamentou os seus dispositivos sobre o assunto.<br />

Essas mudanças aumentaram as receitas do RGPS e, no caso das despesas,<br />

algumas delas tiveram até aqui pelo menos o efeito de estabilizar a concessão de<br />

novos benefícios. Contudo, em que pese o impacto positivo de várias dessas<br />

medidas, isso não foi suficiente para contrabalançar o contínuo e forte<br />

crescimento das despesas, que continuam a crescer como proporção do PIB.<br />

Já o RF padece de características específicas da legislação relativa ao regime<br />

de trabalho dos servidores públicos, privilegiado relativamente aos<br />

trabalhadores cobertos pelo RGPS. Entre essas características do RF, os<br />

funcionários gozam de estabilidade no emprego e de uma tradição de<br />

aposentadoria com remuneração integral relativa ao último cargo exercido, em<br />

grande parte ainda mantida para os servidores mais antigos, e mesmo para os<br />

mais novos em face da não-adoção do mesmo teto do RGPS, cuja introdução<br />

continua dependendo de legislação adicional que introduza de modo amplo e<br />

efetivo a previdência pública complementar. Há também o benefício da<br />

paridade, ou seja, os servidores inativos e pensionistas usualmente recebem os<br />

mesmos reajustes dos servidores ativos.<br />

18 No governo federal, dados do Ministério da Fazenda indicam que o governo investe atualmente apenas<br />

cerca de 0,5% do PIB. Para o setor público como um todo, dados do IBGE indicam que a taxa de<br />

investimento está em torno de apenas 2% do PIB, o que é muito pouco para a carga tributária levantada.<br />

O sistema brasileiro de previdência..., Roberto Macedo, p. 110-124<br />

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