12.04.2013 Views

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

4.2 SOBRE A RELAÇÃO EU/OUTRO<br />

A teoria bakhtiniana enfatiza a natureza dialógica e social do ser h<strong>uma</strong>no. O sujeito se<br />

constitui na relação com o outro, sendo, portanto, <strong>de</strong>finido pela alterida<strong>de</strong>, <strong>uma</strong> vez que o<br />

outro é imprescindível para a sua concepção. A interação entre interlocutores é o princípio<br />

fundador da linguag<strong>em</strong>, a qual se materializa <strong>de</strong> acordo com as necessida<strong>de</strong>s enunciativas<br />

concretas, num <strong>de</strong>terminado contexto histórico-social. Bakhtin/Volochínov (2009) insiste no<br />

aspecto da interação, <strong>em</strong> que a palavra, s<strong>em</strong>pre que inserida <strong>em</strong> um contexto social, carrega<br />

um entrecruzamento <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> valores, assume um caráter dinâmico, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

revisitada, ressignificada, enfim, é através <strong>de</strong>la que os interlocutores avaliam-se e expressam<br />

esses valores. Importa, portanto, consi<strong>de</strong>rar a complexida<strong>de</strong>, a flexibilida<strong>de</strong> e a instabilida<strong>de</strong><br />

da linguag<strong>em</strong> nas relações dialógicas entre o eu e o outro.<br />

Ao enunciar sobre o seu fazer, n<strong>uma</strong> situação própria <strong>de</strong> enunciação como é a<br />

entrevista, o pesquisado também escolhe que pontos <strong>de</strong> vista vai expor, e isso po<strong>de</strong> ser muito<br />

proveitoso para o trabalhador, pois, nesse momento, quando t<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

posicionar com relação às suas ativida<strong>de</strong>s no ambiente laboral através da fala, ele revela a<br />

realida<strong>de</strong> que vê e a interpreta. Essa interpretação/compreensão da realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que vive<br />

po<strong>de</strong> colocar o sujeito n<strong>uma</strong> atitu<strong>de</strong> bastante positiva com relação ao seu fazer, como alguém<br />

responsável, capaz <strong>de</strong> se envolver com o que realiza. Ao verbalizar sobre a ativida<strong>de</strong>, o<br />

indivíduo traz as diferentes facetas do que ele faz, mostra que, <strong>em</strong> geral, ele faz muito, e esse<br />

fazer muito n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é tranquilo, pelo contrário, é complexo, dinâmico, multifacetado.<br />

Em geral, o trabalhador <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> não para a todo instante para refletir sobre o seu<br />

fazer, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ele t<strong>em</strong> claro se o que está fazendo é <strong>uma</strong> repetição do que já fez antes ou é<br />

<strong>uma</strong> nova forma <strong>de</strong> agir. A entrevista, apesar <strong>de</strong> suas limitações – por se realizar <strong>em</strong> contexto<br />

específico e <strong>de</strong> se constituir <strong>em</strong> <strong>uma</strong> situação atípica, o que po<strong>de</strong> gerar alguns<br />

constrangimentos –, parece oportunizar aos indivíduos o questionamento sobre a sua interação<br />

e sobre a sua prática laboral. Ao fazer <strong>em</strong>ergir vozes discursivas que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à complexida<strong>de</strong><br />

do trabalho na relação com o outro (o pesquisador, a própria ativida<strong>de</strong>, os colegas, a chefia, os<br />

clientes), a entrevista visa a colaborar para o (re)conhecimento da ativida<strong>de</strong> do trabalhador.<br />

Também acreditamos que o sujeito, ao participar <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pesquisa como esta, t<strong>em</strong> a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não apenas pensar sobre o seu fazer mas também <strong>de</strong> expor seu ponto <strong>de</strong> vista,<br />

sua maneira <strong>de</strong> ver o espaço laboral, ou seja, no momento <strong>em</strong> que lhe damos voz, ele reflete e<br />

refrata esse espaço, po<strong>de</strong>ndo mostrar a sua interpretação da realida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>presa. Essa nos<br />

120

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!