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A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

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colegas <strong>de</strong> trabalho e com o pessoal que divi<strong>de</strong> o mesmo campo laboral. Dessa maneira, ao se<br />

sentir integrante ativo na ativida<strong>de</strong> que realiza, o trabalhador po<strong>de</strong> se envolver naquilo que<br />

faz, participando do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse meio.<br />

“O trabalho nunca é pura execução” porque “o meio é s<strong>em</strong>pre infiel” (SCHWARTZ,<br />

2007e, p. 191), e essa infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> é gerida como um uso <strong>de</strong> si. Reduzir a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalho à mera execução é acreditar que a prescrição é perfeita, que o meio é fiel e que não<br />

há variabilida<strong>de</strong>s contínuas e constantes, algo que é impensável na or<strong>de</strong>m do h<strong>uma</strong>no. Uma<br />

situação nunca é a mesma, ela não se repete; o ser h<strong>uma</strong>no também não é o mesmo todos os<br />

dias. Por isso, cada nova situação exige um novo comportamento, feito <strong>de</strong> escolhas singulares<br />

e coletivas, num espaço social como o do trabalho. Ou seja, é preciso gerir as variabilida<strong>de</strong>s<br />

do meio, já que as leis, as normas, as prescrições, as imposições ou as instruções são<br />

insuficientes para regular a variabilida<strong>de</strong> do dia a dia. Quando as normas antece<strong>de</strong>ntes são<br />

insuficientes, há um “vazio <strong>de</strong> normas” (SCHWARTZ, 2007e, p. 192). Então, o trabalhador<br />

precisa renormalizar essas regras, ressingularizar as situações que se lhe apresentam <strong>de</strong> modo<br />

que possa reagir ao meio. O sujeito precisa gerir as variabilida<strong>de</strong>s, fazendo uso <strong>de</strong> si, lançando<br />

mão <strong>de</strong> suas próprias capacida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> seus recursos e <strong>de</strong> suas escolhas. Ao renormalizar, o<br />

indivíduo aumenta a variabilida<strong>de</strong>, e isso é viver. Afinal, as normas não consegu<strong>em</strong> antecipar<br />

tudo, e o ser h<strong>uma</strong>no precisa arriscar. Escolher é um risco. Ao tentar suprir as orientações e os<br />

procedimentos <strong>de</strong>ficientes que as regras não consegu<strong>em</strong> abranger, o trabalhador busca<br />

soluções que consi<strong>de</strong>ra possíveis, mas, s<strong>em</strong> dúvida, corre o risco <strong>de</strong> errar, <strong>de</strong> provocar mais<br />

dificulda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> criar novo probl<strong>em</strong>a, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagradar. Dessa forma, o sujeito “escolhe-se a si<br />

mesmo” (SCHWARTZ, 2007e, p. 193) e precisa arcar com as consequências <strong>de</strong>ssa escolha.<br />

Embora reconheça que o risco po<strong>de</strong> estar relacionado ao perigo real, Nouroudine (2004)<br />

apresenta <strong>uma</strong> abordag<strong>em</strong> positiva do risco, ao consi<strong>de</strong>rar que ele não po<strong>de</strong> ser eliminado da<br />

ativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na. O risco é inerente ao viver; é preciso, portanto, “gerir e ultrapassar as<br />

dificulda<strong>de</strong>s ligadas ao risco” (NOUROUDINE, 2004, p. 58). Mesmo que se possa traduzir<br />

<strong>em</strong> êxito ou fracasso, somente o correr riscos permite ao ser h<strong>uma</strong>no “a mudança, a adaptação<br />

ativa e a criativida<strong>de</strong>” (NOUROUDINE, 2004, p. 47). Do lado oposto, a ausência <strong>de</strong> riscos<br />

leva à estagnação, a <strong>uma</strong> estabilida<strong>de</strong> precária e impossível <strong>de</strong> ser mantida. De certa maneira,<br />

ao correr riscos, o sujeito busca um equilíbrio nas suas competências, nas suas experiências,<br />

no seu saber-fazer, ou seja, ele comete infração. Nouroudine (2004, p. 54) formula a hipótese<br />

<strong>de</strong> que “nas situações <strong>de</strong> trabalho os atos <strong>de</strong> infração são também atos <strong>de</strong> correr riscos<br />

motivados pelo cuidado <strong>de</strong> conciliar saú<strong>de</strong> e eficácia nas situações <strong>de</strong> trabalho atravessadas<br />

por singularida<strong>de</strong>s que as normas antece<strong>de</strong>ntes não po<strong>de</strong>m antecipar”. Assim, a saú<strong>de</strong> do<br />

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