A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial
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s<strong>em</strong>elhante à <strong>de</strong> outro, agirá <strong>de</strong> <strong>uma</strong> maneira particular. Não há previsibilida<strong>de</strong>, ou seja, não<br />
há como antecipar o que o indivíduo vai fazer diante <strong>de</strong> cada circunstância, n<strong>em</strong> mesmo se ele<br />
vai agir do mesmo modo se estiver diante <strong>de</strong> situação s<strong>em</strong>elhante <strong>em</strong> outro momento.<br />
A vida é dinâmica, os contextos são múltiplos, heterogêneos e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, cada<br />
situação é singular e única no momento <strong>em</strong> que ocorre. Segundo o filósofo da linguag<strong>em</strong><br />
Mikhail Bakhtin (1920-1924/2010, p. 82), “o evento [<strong>em</strong> processo] no seu realizar-se po<strong>de</strong> ser<br />
claro e evi<strong>de</strong>nte, a cada momento, para aquele que participa <strong>de</strong> seu ato”. O indivíduo que<br />
participa <strong>de</strong> cada evento está <strong>em</strong> constante relação <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong> eu/outro, constitui-se na sua<br />
relação com o outro, e essa relação se altera, é imprevisível, s<strong>em</strong>pre nova. Sendo assim, “eu<br />
também sou participante no existir <strong>de</strong> modo singular e irrepetível, e eu ocupo no existir<br />
singular um lugar único e irrepetível, insubstituível e impenetrável da parte <strong>de</strong> um outro”<br />
(BAKHTIN, 2010, p. 96).<br />
Dizendo <strong>de</strong> outra forma, são situações singulares para sujeitos únicos. Se, <strong>em</strong><br />
<strong>de</strong>terminado momento e circunstância, o indivíduo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar envolvimento com aquilo<br />
que faz, <strong>em</strong> outros, po<strong>de</strong> não ter mais esse comprometimento. Esse comportamento não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do trabalhador; são as condições do meio e os fatores externos a esse meio,<br />
além da influência do outro – seja da chefia geral, da supervisão ou <strong>de</strong> colegas do setor ou da<br />
<strong>em</strong>presa – que afetam as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada um.<br />
Há ainda a realida<strong>de</strong> do mercado <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> hoje, que se encontra diante <strong>de</strong> um<br />
paradoxo: necessita, para se manter, <strong>de</strong> um trabalhador competente, inovador, crítico,<br />
questionador, inteligente (pelo menos essa é a i<strong>de</strong>ia difundida <strong>em</strong> cursos e livros <strong>de</strong> gestão<br />
administrativa). Por outro lado, essa <strong>de</strong>manda – ao criar novos espaços <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
subjetivida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong> expansão das ações dos trabalhadores, <strong>em</strong> diversos planos<br />
(do pensamento, da linguag<strong>em</strong>, da afetivida<strong>de</strong>, das interações sociais) – traz a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
os trabalhadores questionar<strong>em</strong> e reinventar<strong>em</strong> o próprio sist<strong>em</strong>a laboral <strong>em</strong> que se inser<strong>em</strong>.<br />
Dito <strong>de</strong> outra maneira: se o mercado pe<strong>de</strong> um trabalhador que critique, questione, crie, seja<br />
inventivo, também precisa permitir que esse sujeito almejado tenha espaço e oportunida<strong>de</strong><br />
para <strong>de</strong>senvolver e apresentar não apenas essas formas <strong>de</strong> agir e características como também<br />
outras que <strong>em</strong>ergirão nas trocas laborais.<br />
Vinda <strong>de</strong> um meio familiar com tradição <strong>em</strong>presarial, s<strong>em</strong>pre tiv<strong>em</strong>os muitas conversas<br />
com <strong>uma</strong> <strong>em</strong>presária da família sobre os probl<strong>em</strong>as referentes ao comportamento dos<br />
trabalhadores, principalmente <strong>em</strong> relação ao posicionamento <strong>de</strong>les diante do que a <strong>em</strong>presa<br />
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