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A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

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A partir das falas sobre a relação com os colegas, Leandro menciona a maneira como<br />

cost<strong>uma</strong> solucionar os probl<strong>em</strong>as interacionais que surg<strong>em</strong>. Observamos que o trabalhador<br />

reconhece sua irritação inicial, mas diz que ela não <strong>de</strong>mora muito a passar e que logo ele tenta<br />

se aproximar <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> provocou esse sentimento, pedindo <strong>de</strong>sculpas (uso <strong>de</strong> si por si).<br />

122<br />

Segmento 13 - Leandro:<br />

Isso... tento... num primeiro momento... senti no momento da dor assim que floresce<br />

aquilo ali... fica irritado fica bravo... mas passou quinze... vinte minutos tento já<br />

matar aquilo ali já tento já vou falar com a pessoa não tenho vergonha <strong>de</strong> pedir<br />

<strong>de</strong>sculpa mesmo sendo errado mesmo tando certo muitas vezes eu aprendi isso que<br />

muitas vezes tando certo a pessoa vai [...] porque quando duas pessoas brigam as<br />

duas acham que tão certas né... na verda<strong>de</strong> aquilo eu tô certo eu tô certo então eu<br />

não me importo... na verda<strong>de</strong> eu tento corrigir aquilo ali mesmo sendo certo oh<br />

<strong>de</strong>sculpa tá eu errei contigo... oh vamo esquecer isso aí vamo trabalhar... s<strong>em</strong>pre<br />

assim oh todo probl<strong>em</strong>a que eu tive aqui s<strong>em</strong>pre tentei fazer isso aí... tentei fazer<br />

isso aí... ou se não [...] brinco com ela... tento amenizar acredito que t<strong>em</strong> que ser<br />

assim até na nossa vida [...] eu tento consertar pra não alimentar <strong>uma</strong> coisa<br />

maior... eu s<strong>em</strong>pre tento consertar imediatamente o mais rápido possível enquanto é<br />

pequeno... mesmo eu sendo certo... pra mim não importa se eu tô certo ou errado eu<br />

tento consertar pra mim não é vergonha isso aí...<br />

O entrevistado mostra gradualmente <strong>em</strong> seu discurso como se dá o conflito, narrando-o<br />

n<strong>uma</strong> sequência t<strong>em</strong>poral (“num primeiro momento”; “no momento da dor”; “irritado fica<br />

bravo... mas passou quinze... vinte minutos tento já matar aquilo ali”), ou seja, ele se permite<br />

um t<strong>em</strong>po para resolver o impasse e, <strong>de</strong>pois disso, enfrenta-o (ou não), sujeitando-se a ser<br />

consi<strong>de</strong>rado “errado” para que “as coisas” se acomo<strong>de</strong>m. Leandro imagina o diálogo ou faz<br />

<strong>uma</strong> simulação do que seria dito para se resolver o conflito. Seu enunciado é orientado para a<br />

resposta do outro (“porque quando duas pessoas brigam as duas acham que tão certas... né”).<br />

Assim, diante da presunção <strong>de</strong> que o outro vai se consi<strong>de</strong>rar “certo”, este sujeito toma a<br />

iniciativa e se antecipa dizendo “oh <strong>de</strong>sculpa tá eu errei contigo... oh vamo esquecer isso aí<br />

vamo trabalhar...”. “O discurso vivo e corrente está imediata e diretamente <strong>de</strong>terminado pelo<br />

discurso-resposta futuro: ele é que provoca essa resposta, pressente-a e baseia-se nela”<br />

(BAKHTIN, 1993, p. 89).<br />

Interessante ainda assinalar o modo como Leandro explica a relação entre “certo” e<br />

“errado”, palavras citadas constant<strong>em</strong>ente nesse e <strong>em</strong> outros trechos da entrevista. O discurso<br />

<strong>de</strong>sse trabalhador também consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância solucionar o conflito antes que<br />

ele adquira proporções maiores, n<strong>em</strong> que, para isso, o indivíduo tenha que abdicar <strong>de</strong> estar<br />

“certo”. Este sujeito, inclusive, mostra o que apren<strong>de</strong>u sobre as pessoas com relação a estar ou<br />

não com a razão (uso <strong>de</strong> si pelo outro).

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