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A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

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maior sobre suas práticas sociais. Com nossa pesquisa, tiv<strong>em</strong>os a intenção <strong>de</strong> contribuir para<br />

que esses trabalhadores realmente expusess<strong>em</strong> a visão que têm do próprio trabalho e <strong>de</strong> si<br />

mesmos como sujeitos operantes e atuantes nessa <strong>em</strong>presa particularmente e na vida <strong>de</strong><br />

maneira geral, ou seja, tentamos dar voz aos trabalhadores para que eles mesmos pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> se<br />

escutar e se ver como participantes que ajudam a construir o meio <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>.<br />

A análise do material, os <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> quatro trabalhadores da <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> parafusos,<br />

é feita a partir da reflexão sobre os conceitos das teorias que compõ<strong>em</strong> o referencial teórico,<br />

especialmente a teoria dialógica do discurso e os estudos do trabalho <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong><br />

ergológica. Após as entrevistas, feitas as transcrições, <strong>de</strong>bruçamo-nos sobre o material <strong>de</strong><br />

pesquisa sob <strong>uma</strong> perspectiva dialógica, buscando estabelecer com os discursos dos<br />

trabalhadores <strong>uma</strong> compreensão responsiva ativa, através da análise enunciativo-discursiva<br />

dos enunciados. Entre as categorias <strong>de</strong> análise, escolh<strong>em</strong>os, principalmente, os conceitos<br />

ligados às relações dialógicas, à interação, ao enunciado, às normas e renormalizações, ao uso<br />

<strong>de</strong> si por si e ao uso <strong>de</strong> si pelo outro, observando também a dialética entre os saberes e a<br />

linguag<strong>em</strong> sobre o trabalho.<br />

Este estudo está organizado <strong>em</strong> cinco capítulos, partindo <strong>de</strong>stas Consi<strong>de</strong>rações iniciais.<br />

No segundo capítulo, A linguag<strong>em</strong> e o trabalho – abordag<strong>em</strong> dialógica da ativida<strong>de</strong>,<br />

tratamos dos princípios teóricos adotados <strong>em</strong> nossa pesquisa, <strong>em</strong> duas seções: <strong>uma</strong> sobre a<br />

linguag<strong>em</strong>; outra sobre o trabalho. A primeira seção engloba conceitos <strong>de</strong>senvolvidos por<br />

Bakhtin e pelo Círculo, consi<strong>de</strong>rados importantes para esta pesquisa, tais como: ato ético<br />

responsável, enunciado, gênero, relações dialógicas, interação, alterida<strong>de</strong> e exotopia. Nesta<br />

seção, organizada <strong>em</strong> quatro subseções, <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>os, inicialmente, a diferença que Bakhtin<br />

propõe entre o mundo da cultura e o mundo da vida. Parece-nos que há, nessa diferenciação,<br />

um liame bastante pertinente entre os saberes constituídos e os saberes investidos, conceitos<br />

<strong>de</strong>senvolvidos nos estudos ergológicos 9 . O pensador russo também ressalta a importância da<br />

responsabilida<strong>de</strong> inerente a todo ato h<strong>uma</strong>no, <strong>de</strong> que não é possível se eximir, ou seja, não há<br />

álibi capaz <strong>de</strong> isentar qualquer sujeito <strong>de</strong> suas ações (BAKHTIN, 2010). Além disso, não se<br />

po<strong>de</strong> esquecer a importância do outro na constituição do eu, <strong>em</strong> que somente o olhar exotópico<br />

<strong>de</strong>sse outro é capaz <strong>de</strong> dar-lhe um acabamento (BAKHTIN, 2010, 1992a, 2006a). A segunda<br />

seção está dividida <strong>em</strong> três subseções. A primeira apresenta consi<strong>de</strong>rações sobre o trabalho na<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> sólida e na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> líquida (BAUMAN, 2001); a segunda reflete sobre o<br />

sujeito trabalhador (BAUMAN, 2001; CERTEAU, 2008) na cont<strong>em</strong>poraneida<strong>de</strong>. Nas duas<br />

9 Esses conceitos estão <strong>de</strong>senvolvidos na subseção A perspectiva ergológica (2.2.3).<br />

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