12.04.2013 Views

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Também na fala <strong>de</strong> Marcos, encontramos a referência reiterada à palavra “erro”. Parece<br />

dar extr<strong>em</strong>a importância a ela, tanto para falar <strong>de</strong> si como para falar do outro.<br />

128<br />

Segmento 17 – Marcos:<br />

Me dou com todo mundo mesmo... sou um cara que... se eu vejo que tá fazendo <strong>uma</strong><br />

coisa <strong>de</strong> errada... eu chego e te bato no teu ombro... olha tá fazendo <strong>uma</strong> coisa<br />

errada...<br />

........................................................................................................................................<br />

Até hoje mesmo... o cara tava fazendo <strong>uma</strong> coisa errada e eu disse... tchê... tá<br />

fazendo coisa errada...<br />

........................................................................................................................................<br />

Assume teu erro... fica mais bonito... eu sou assim<br />

.......................................................................................................................................<br />

De assumir meu erro... prefiro assumir meu erro... às vezes tu toma três ou quatro<br />

xingão... e botam num erro só teu...<br />

...................................................................................................................................<br />

Se tivesse chegado e começado... tchê... eu errei...tinha ficado mais bonito...<br />

........................................................................................................................................<br />

Se não... tu vai errar s<strong>em</strong>pre... eu costumo não ter mas...erro todo mundo t<strong>em</strong>...<br />

Observamos, a partir dos enunciados <strong>de</strong> Marcos, que ele se reconhece não apenas como<br />

sendo capaz <strong>de</strong> errar mas também como alguém que po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve apontar o “erro” do outro<br />

para que ele possa se corrigir. Salienta ainda que o fato <strong>de</strong> assumir o erro é primordial (“fica<br />

mais bonito”). Para este sujeito, a boa interação po<strong>de</strong> se relacionar ao fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dizer ao<br />

colega francamente que ele errou. O funcionário se expõe – será b<strong>em</strong> interpretado? – mas não<br />

se intimida, julga estar fazendo o que <strong>de</strong>ve. Dá a impressão <strong>de</strong> se sentir importante para a<br />

constituição do outro, enaltecendo <strong>uma</strong> característica pessoal que julga essencial ensinar ao<br />

outro. Marcos tenta passar ao outro a sua maneira <strong>de</strong> solucionar o probl<strong>em</strong>a, por parecer<br />

consi<strong>de</strong>rá-la mais a<strong>de</strong>quada, ao dizer: “assume teu erro... fica mais bonito... eu sou assim”.<br />

Depois <strong>de</strong> aconselhar e justificar sua recomendação, o trabalhador <strong>de</strong>monstra que também age<br />

assim, ou seja, se ele é “assim”, julga que po<strong>de</strong> esperar dos outros o mesmo comportamento.<br />

A citação direta que esse enunciador faz <strong>de</strong> seu diálogo com o outro, inclusive relatando<br />

algo que po<strong>de</strong> ter acontecido no mesmo dia, dá um efeito <strong>de</strong> maior credibilida<strong>de</strong> ao que<br />

enuncia. Marcos repete a advertência que faz ao colega (“olha tá fazendo <strong>uma</strong> coisa errada...<br />

tchê...”; “tá fazendo coisa errada...”), para apresentar <strong>de</strong>pois a fórmula que usa e aconselha o<br />

outro a fazer (“assume teu erro... fica mais bonito”; “prefiro assumir meu erro”) e chega a<br />

sugerir a forma <strong>de</strong> enunciar isso: “tchê... eu errei...”. O <strong>em</strong>prego da expressão regionalista<br />

“tchê” <strong>de</strong>monstra um efeito <strong>de</strong> proximida<strong>de</strong> que o funcionário <strong>de</strong>clara ter ao se referir ao<br />

outro, reforçada ainda pela atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> bater no ombro. No final <strong>de</strong>sse trecho, é relevante notar<br />

que Marcos, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter se colocado no mesmo nível do colega, como alguém capaz <strong>de</strong><br />

errar, <strong>em</strong> um nível um pouco mais elevado por ser capaz <strong>de</strong> aconselhar e por assumir seu erro,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!