A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial
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parece ser <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> lhe dar valor como sujeito participante, ativo e capaz. Ao se sentir<br />
valorizado, esse trabalhador po<strong>de</strong> envolver-se mais com o que faz, comprometendo-se com a<br />
ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneira mais profícua, tanto para ele como para os que compartilham do mesmo<br />
ambiente <strong>de</strong> trabalho.<br />
A pesquisadora provoca a fala do trabalhador. As escolhas linguísticas feitas pelo<br />
entrevistado tornam-se, então, um meio <strong>de</strong> tomar consciência <strong>de</strong> si e <strong>de</strong> seu fazer, assim como<br />
o meio <strong>de</strong> expor ao outro essa maneira <strong>de</strong> lidar com as suas dificulda<strong>de</strong>s, com as suas<br />
angústias, com os seus <strong>de</strong>safios. De certa maneira, o sujeito se afasta da situação e se vê como<br />
um agente da própria vida, é um momento <strong>de</strong> exotopia, <strong>em</strong> que ele se põe fora da situação <strong>de</strong><br />
trabalho para observar o seu agir e refletir sobre si mesmo, <strong>em</strong> interlocução com a<br />
pesquisadora. Mas não é <strong>uma</strong> simples reflexão, o trabalhador cria significados para a<br />
realida<strong>de</strong> vivida, refletindo-a e refratando-a.<br />
Consi<strong>de</strong>rando os pressupostos teóricos já <strong>de</strong>senvolvidos no segundo capítulo <strong>de</strong>sta<br />
pesquisa, salientamos a importância <strong>de</strong> alguns conceitos que serão observados nas análises<br />
<strong>de</strong>ste tópico, tais como, as relações dialógicas entre os discursos e os sujeitos, a entonação, os<br />
acentos <strong>de</strong> valor, a alterida<strong>de</strong> constitutiva dos sujeitos na relação eu/outro, a responsabilida<strong>de</strong><br />
pelo ato ético na enunciação. Além disso, como nossas análises se baseiam nos discursos dos<br />
indivíduos <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> entrevista, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar a visão exotópica que os<br />
trabalhadores lançam sobre o próprio fazer na interlocução com a pesquisadora. Ou seja, eles<br />
se põ<strong>em</strong> <strong>de</strong> fora, <strong>em</strong> <strong>uma</strong> posição extraterritorial, para observar, refletir e analisar o seu fazer,<br />
expressando-se, principalmente, na linguag<strong>em</strong> sobre o trabalho (NOUROUDINE, 2002).<br />
Uma vez que a análise t<strong>em</strong> também <strong>uma</strong> orientação dialógica, faz<strong>em</strong>os interlocução com as<br />
noções que aparec<strong>em</strong> no primeiro tópico <strong>de</strong>ste capítulo.<br />
Com o propósito <strong>de</strong> discutir as relações dialógicas na interação social entre os<br />
trabalhadores da <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> parafusos, selecionamos nove segmentos discursivos, retirados<br />
<strong>de</strong> quatro entrevistas. Prosseguimos a numeração dos segmentos, para facilitar a consulta.<br />
Para a análise <strong>de</strong>ste tópico, tomamos por base as respostas dadas às seguintes questões<br />
propostas nas entrevistas (Apêndice E, n. 7, 8):<br />
c 39 ) Qu<strong>em</strong> são teus colegas <strong>de</strong> setor? Como é a tua relação com os colegas do setor <strong>em</strong><br />
que trabalhas?<br />
d) Na tua ativida<strong>de</strong>, tens contato com colegas <strong>de</strong> outros setores da <strong>em</strong>presa? Como é a<br />
relação estabelecida com eles?<br />
39 Usamos a sequência nas letras das perguntas por questões metodológicas.<br />
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