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A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial

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epetição do “acho” e da expressão “não sei” e o advérbio “meio” dão pistas <strong>de</strong> certa cautela<br />

na avaliação que Luís Felipe faz do outro. Embora <strong>de</strong>monstre essa cautela nesse trecho do<br />

enunciado, não a encontramos quando o trabalhador conclui que o “probl<strong>em</strong>a” era “<strong>de</strong>le”, e<br />

reitera sua avaliação negativa do colega, s<strong>em</strong> amenizá-la, inclusive usando duas marcas<br />

linguísticas para intensificar a estranheza do outro (“um cara b<strong>em</strong> estranho na maneira <strong>de</strong>le<br />

ser assim”; grifo nosso).<br />

Com relação à palavra “erro”, ela aparece reiteradamente no discurso analisado. Luís<br />

Felipe dá-nos a impressão <strong>de</strong> reconhecer e assumir o “erro” (“o erro foi meu... né... mas eu<br />

assumo não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a... um erro é normal”). Depois o sujeito se justifica, argumenta,<br />

como a tentar se redimir “não vai ser a primeira n<strong>em</strong> a última... vou ter vários erros durante”.<br />

Mas o enunciador tenta se isentar da responsabilida<strong>de</strong> pelo “erro”, quando a transfere para o<br />

colega por suas características consi<strong>de</strong>radas probl<strong>em</strong>áticas (“um cara meio estranho... acho<br />

não era b<strong>em</strong> resolvido... acho... não sei b<strong>em</strong>”) e por ter sido o “único” a gerar conflito (“mas<br />

foi o único”).<br />

Estabelecendo relações dialógicas entre os nove enunciados analisados no segundo<br />

tópico <strong>de</strong>ste capítulo, perceb<strong>em</strong>os a importância da relação eu/outro para a constituição do<br />

sujeito enunciador. Em geral, são situações <strong>de</strong> conflito que se apresentam, e alg<strong>uma</strong>s maneiras<br />

encontradas para a solução se ass<strong>em</strong>elham entre os entrevistados. Todos <strong>de</strong>claram que a<br />

primeira medida adotada é o diálogo com os envolvidos diretamente. Entretanto, há<br />

diferenças no encaminhamento ou no prosseguimento das negociações. Leandro, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, além <strong>de</strong> ressaltar o bom relacionamento com a supervisora, cuja avaliação ele<br />

requisita constant<strong>em</strong>ente, diz tomar a iniciativa do acerto com colegas, com o pedido <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sculpas, s<strong>em</strong> se importar <strong>em</strong> ter ou não razão. O discurso <strong>de</strong> Guilherme, por sua vez,<br />

<strong>em</strong>bora contenha a preferência pelo diálogo com os colegas num primeiro momento, <strong>de</strong>pois<br />

revela a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar apoio no supervisor. Notamos que a polivalência, a<br />

flexibilida<strong>de</strong> e a presteza, reveladas, nos enunciados <strong>de</strong> Guilherme, como exigências do meio<br />

laboral <strong>em</strong> que está inserido, afetam seu comportamento tanto nas relações interpessoais<br />

quanto no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong> suas múltiplas tarefas. Nas falas <strong>de</strong> Marcos observamos a<br />

priorida<strong>de</strong> da conversa com o outro, <strong>em</strong> que ele aconselha os colegas a seguir<strong>em</strong> seu modo <strong>de</strong><br />

agir, como <strong>uma</strong> forma mo<strong>de</strong>lar <strong>de</strong> resolver probl<strong>em</strong>as. No discurso <strong>de</strong> Luís Felipe,<br />

constatamos outra maneira <strong>de</strong> tratar dos conflitos quando a conversa não soluciona. Nesse<br />

caso, ele prefere a indiferença ao outro, mantendo um relacionamento estritamente<br />

profissional. Com relação a pistas discursivas, <strong>em</strong> vários enunciados, constatamos a presença<br />

<strong>de</strong> palavras carregadas axiologicamente, como “certo”, errado”, “erro”, “coisa errada”,<br />

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