A Atividade de Trabalho em uma Empresa Comercial
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imutáveis. É um processo que se constrói tanto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos que se repet<strong>em</strong> quanto <strong>de</strong><br />
el<strong>em</strong>entos novos; <strong>em</strong> realida<strong>de</strong>, o novo só po<strong>de</strong> ser apreendido a partir do conhecido, do dado,<br />
para então se constituir no vir-a-ser. Tanto o eu como o outro são afetados no momento <strong>de</strong> sua<br />
relação, único e concreto evento. A compreensão é, portanto, um ato responsável, ativo,<br />
inesgotável <strong>em</strong> seu sentido, cheio <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s.<br />
Não é também a i<strong>de</strong>ntificação entre o eu e o outro que garante o conhecimento ou a<br />
compreensão total, pois,<br />
por mais que eu conheça a fundo <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada pessoa, assim como eu conheço a<br />
mim mesmo, <strong>de</strong>vo, todavia, compreen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa relação recíproca, a<br />
verda<strong>de</strong> do evento uno e único que nos une, do qual nós participamos. [...] No lugar<br />
do outro, como se eu estivesse <strong>em</strong> meu próprio lugar, encontro-me na mesma<br />
condição <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> sentido. Compreen<strong>de</strong>r um objeto significa compreen<strong>de</strong>r meu<br />
<strong>de</strong>ver <strong>em</strong> relação a ele (a orientação que preciso assumir <strong>em</strong> relação a ele),<br />
compreendê-lo <strong>em</strong> relação a mim na singularida<strong>de</strong> do existir-evento: o que<br />
pressupõe a minha participação responsável, e não a minha abstração. Somente do<br />
interior <strong>de</strong> minha participação posso compreen<strong>de</strong>r o existir como evento, [...]<br />
(BAKHTIN, 2010, p. 65-66).<br />
A posição do sujeito enquanto observador altera a natureza do fenômeno observado, e,<br />
no momento <strong>em</strong> que o eu tenta compreendê-lo, põe seus valores nessa interpretação, <strong>uma</strong> vez<br />
que ela jamais é neutra.<br />
Ainda sobre a relação eu/outro, Bakhtin (1992a/2006a/2010) afirma que o outro serve<br />
para constituir o eu. Mas não é <strong>uma</strong> constituição passiva, o eu não se exclui ou se anula diante<br />
do outro; pelo contrário, o sujeito é ativo nessa constituição e não per<strong>de</strong> sua particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ser único n<strong>em</strong> seu lugar singular, pois não é possível que dois seres ocup<strong>em</strong> o mesmo lugar no<br />
espaço ao mesmo t<strong>em</strong>po. Ao reconhecer que o outro o constitui, o sujeito não está se<br />
anulando n<strong>em</strong> renunciando à sua individualida<strong>de</strong>. Pelo contrário, po<strong>de</strong> conquistá-la e<br />
responsabilizar-se por ela, enriquecendo a sua constituição como sujeito <strong>de</strong>ssa interação.<br />
Percebe-se também que não há <strong>uma</strong> coincidência total ou <strong>uma</strong> <strong>em</strong>patia absoluta, o que existe<br />
é <strong>uma</strong> i<strong>de</strong>ntificação com um enriquecimento mútuo. Observa-se aqui <strong>uma</strong> crítica à teoria<br />
<strong>de</strong>terminista <strong>de</strong> Hippolyte Taine 16 , já que o indivíduo não é previamente <strong>de</strong>terminado pelo<br />
meio ou pela hereditarieda<strong>de</strong>; é ele que se responsabiliza por seus atos e por suas escolhas <strong>de</strong><br />
maneira ativa.<br />
16 Historiador e filósofo positivista francês (1828-1893) aplicou a metodologia científica aos estudos dos fatos<br />
h<strong>uma</strong>nos, partindo do princípio <strong>de</strong> que o comportamento do hom<strong>em</strong> é <strong>de</strong>terminado por três aspectos básicos:<br />
o meio, a hereditarieda<strong>de</strong> e o momento histórico. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: 10 nov. 2012.<br />
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