15.04.2013 Views

Relatório 2005 Diversidade Faunística - ICB - UFMG

Relatório 2005 Diversidade Faunística - ICB - UFMG

Relatório 2005 Diversidade Faunística - ICB - UFMG

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARTE 3- Importância de Heliconia episcopalis (Heliconiaceae-<br />

Zingiberales) como recurso alimentar de beija-flores no Parque<br />

Estadual do Rio Doce – M G<br />

Introdução<br />

368<br />

A polinização exerce papel fundamental na dinâmica dos ecossistemas, inclusive<br />

na sobrevivência de toda a humanidade, que consome produtos provenientes de plantas<br />

polinizadas por invertebrados (abelhas, formigas, vespas) e vertebrados (aves,<br />

mamíferos). Estima-se que a polinização gere anualmente 200 bilhões de dólares em<br />

benefícios para a agricultura mundial (Kearns et al., 1998), e a forma como os<br />

diferentes biomas vêm sendo degradados e alterados pode colocar em risco de extinção<br />

os principais polinizadores dessas plantas, já que cerca de 90% das angiospermas são<br />

polinizadas por animais.<br />

As helicônias (Heliconiaceae -Zingiberales), conhecidas vulgarmente como<br />

caetés, são pseudocaules rizomatosos, de vários metros de altura, com caules<br />

subterrâneos. As bainhas de suas folhas formam os pseudocaules e suas inflorescências<br />

são terminais. Suas inflorescências são típicas de plantas ornitófilas, apresentando<br />

colorações laranja, amarela e vermelha, e corola fundida que acumula abundante<br />

néctar.<br />

As helicônias são primariamente nativas dos Trópicos Americanos, estando<br />

presentes no Velho Mundo e Novo Mundo (Berry & Kress, 1991).O número de espécies<br />

descritas para o Brasil varia entre 29 e 37 espécies (Kress, 1990). A produção total de<br />

néctar por flor ao longo do dia é muito alta, variando entre 25-115µl (Stiles, 1975;<br />

Stiles, 1977; Stiles & Freeman, 1993; Schuchmann, 1996). Este recurso é utilizado por<br />

invertebrados (insetos) e vertebrados (colibris e morcegos). O néctar produzido por<br />

espécies de Heliconiaceae é um dos principais recursos para diversos tipos de beijaflores<br />

(Buzato, 1996), entre os quais os colibris.<br />

Colibris são Aves nectarívoro-insetívoras da família Trochilidae (Apodiformes)<br />

que eram tidas até pouco tempo como endêmicas do continente americano (Ruschi,<br />

1982), porém, um fóssil recentemente encontrado recentemente na Alemanha<br />

comprovou a existência do grupo na Europa do início do Oligoceno (Mayr, 2004).<br />

Estudos demonstram que estão intrinsecamente associados com as helicônias,<br />

apresentando casos de co-adaptação entre os dois grupos (Temeles Et Al., 2000;<br />

Temeles & Kress, 2003). Cerca de 90% da sua alimentação é de carboidratos, sendo a<br />

sacarose encontrada em maior proporção no néctar de flores do Novo Mundo, o restante<br />

(5%) baseia-se em pequenos artrópodes (Schuchmann, 1996). A concentração de<br />

carboidratos em flores visitadas por aves varia entre 15 a 30%, sendo que os insetos<br />

podem se alimentar de flores com concentrações mais elevadas (Baker, 1975; Baker &<br />

Baker, 1975; Gardener & Gillman, 1998).<br />

Os colibris têm grande relevância na ecologia da polinização (Ruschi, 1982,<br />

Stiles, 1975; Stiles, 1977; Stiles & Freeman, 1993). Aproximadamente 15% das<br />

espécies americanas apresentam flores adaptadas à polinização por esses pássaros<br />

(Ruschi, 1982, Fischer, 1996). A sua capacidade de adejar em frente às flores é fruto de<br />

uma adaptação para maximização do seu ganho de energia. Esse vôo consiste na<br />

produção de uma força vertical que equilibra o peso do beija-flor, movimentando suas<br />

asas para trás e para frente (vôo de libração simétrico), diferindo das demais Aves.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!