Relatório 2005 Diversidade Faunística - ICB - UFMG
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algumas espécies ao longo do tempo. Embora algumas dessas variações,<br />
particularmente em nível das comunidades locais, possam ser parcialmente atribuídas a<br />
diferenças em parâmetros ligados à estrutura e complexidade dos hábitats (Stallings,<br />
1989; Fonseca & Robinson, 1990), permanecem ainda desconhecidas as influências de<br />
variáveis que operam na escala da paisagem, com repercussões para a mastofauna, as<br />
quais só podem ser identificadas em estudos de longa duração.<br />
404<br />
Hairston et al. (1960) propuseram um modelo, para interações tróficas, chamado<br />
hoje como a Hipótese do Mundo Verde (ou em inglês “Green World Hypothesis”).<br />
Neste modelo, o mundo é “verde” por causa das ações reguladoras de predadores sobre<br />
os herbívoros. Embora este modelo tenha sido difícil de testar dada a escala espaço-<br />
temporal, no qual os efeitos da predação normalmente são observados, recentemente<br />
um estudo conduzido nos neotrópicos demonstrou que a falta de predadores de fato<br />
causa impactos negativos afetando vários níveis tróficos (Fonseca & Robinson, 1990,<br />
Terborgh et al., 2001). Por isso, estudos relacionados a predadores como a onça pintada,<br />
o maior felino das Américas (Sunquist & Sunquist, 2002), são de fundamental<br />
importância no planejamento conservacionista. A onça pintada é possivelmente: uma<br />
espécie paisagem (landscape species), guarda-chuva (umbrella species), bandeira<br />
(flagship species), chave (keystone species) e um predador tôpo de cadeia (top predator)<br />
(Coppolillo et al., 2003, Ortega-Huerta & Medley, 1999, veja Roberge & Angelstam,<br />
2004, veja Caro et al., 2004, Terborgh et al., 2001, Miller et al., 2001).<br />
Embora estudos sobre a onça pintada dentro da Mata Atlântica já tenham sido<br />
realizados (Leite et al., 2002), pouco se conhece sobre a população no PERD, que existe<br />
isolado por conseqüências da fragmentação. Para conservar a onça pintada, primeiro é<br />
necessário determinar as informações mais importantes sobre a espécie, como<br />
estimativas confiáveis de abundância. Para isso, armadilhas fotográficas (Carbone et al.,<br />
2001, Silveira et al., 2003) junto com metodologias de captura-recaptura (veja Nichols,<br />
1992) têm sido utilizados com sucesso por Karanth (1995) e Karanth e Nichols (1998),<br />
para estimar abundâncias de tigres na Índia. Este método também foi usado com sucesso<br />
para felinos neotropicais, como jaguatirica (Trolle & Kéry, 2003) e onça pintada<br />
(Maffei et al., 2004, Silver et al., 2004) na Bolívia e Belize.<br />
Ecossistemas florestais sujeitos a altos níveis de fragmentação e de isolamento<br />
dos remanescentes, particularmente aqueles originalmente ricos em espécies locais e<br />
regionalmente, como é o caso da Mata Atlântica do Vale do Rio Doce, estão