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ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

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Aprender a ler x aprender e ler<br />

Vamos nos entender. Competência não é a mesma coisa que performance. Não é desempenho,<br />

atuação. Posso ser capaz, mas não querer fazer, não gostar, não ter condições, não poder ou só fazer<br />

se for obrigado. E ponto final. Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa<br />

vã filosofia, disse o grande Shakespeare.<br />

Por isso, é bom não confundir aprender a ler com aprender e ler, mesmo se os dois se combinem e<br />

até namorem. Aprender a ler é ato; aprender e ler, é gesto. Um é feminino, voltado para dentro; o<br />

outro, masculino, para fora. Por isso, não adianta só aprender para dentro ou só agir para fora.<br />

Cognição e ação separados não se completam, podem até sobreviver, mas ficam mancos. Ainda bem<br />

que sabemos diferenciar a do e, mas também juntar. Será que o "a-e-i-o-u" era ensinado pra isso?!<br />

Medo de ler<br />

Vivemos evitando a escrita no <strong>Brasil</strong>. Quando um grupo de trabalho precisa de alguém para tomar<br />

nota, é um "deus nos acuda". E mesmo que seja de universitários. Para ler um texto em público,<br />

então? Claro, posso gostar de ler quieto, no meu canto, e não gostar de me expor. Mas daí a me<br />

esconder, a ter medo é outra coisa. Por que será que não gostamos de dizer textos em público?<br />

Arrisco a hipótese de que uma das razões principais é a privatização da escrita. Ler não entrou<br />

ainda em nossa vida como gesto cultural. É apenas ato privado, particular, de foro íntimo,<br />

psicológico. Não é parte de nosso repertório, não faz parte de nossa identidade cultural, nosso modo<br />

de ser e de agir coletivos. Tratamos a escrita apenas como ato interno e não externo, separamos o<br />

dentro do fora. Por isso, ler para os outros, escrever numa reunião transformam-se em medo, pavor,<br />

trabalho evitado, mesmo pra quem sabe, quem não erra pontos, vírgulas e ortografias.<br />

Buscar o mesmoutro<br />

Ser leitor sem participar da cultura da escrita é tarefa de gigantes. É viver com a cabeça cheia de<br />

idéias sem ter com quem repartir. É quase como viver em estado de fuga, escondido. Se a<br />

imaginação for transbordante ou pequeno o interesse em dialogar com a realidade, aí as coisas<br />

pioram mesmo. Pode se transformar em delírio, como aconteceu com a Emma Bovary, personagem<br />

que dá título ao romance do Flaubert.<br />

<strong>ESPAÇOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>LEITURA</strong>. 11 .

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