ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

os contos, as narrativas que tanto encanto promovem ? Pouco aparecem. Em seu lugar, muitas vezes
continuam os cadernos, as palavras vazias, descontextualizadas, as cópias da lousa. Muita
repetição, pouca ou nenhuma invenção. E o tempo passa, a gente vai ficando mais velho e a pata
continua a nadar... Ou será que não é mais assim? Que ela também envelheceu e cansou de tanto
ficar na água?
Viva o oral!
Oral, ora o oral! Ele é fundamental, importante, imprescindível mesmo. Um bom contador de
histórias é fantástico. Mas espera lá. Amigos, amigos, negócios... Oral é oral, escrito é escrito. São
vizinhos, pertencem ao mesmo território da linguagem verbal. Mas não são a mesma coisa.
Aprendemos a falar, falando. Aprendemos a ler, lendo, tomando contato com textos que fazem
sentido. E eles demandam operações cognitivas distintas da fala. Chega, então, de ler pouco e, em
substituição, ocupar o tempo falando, se o que se tem a fazer é aprender a ler, não acha, não? Tantas
histórias fantásticas, livros cheios de imagens e imaginação, de personagens interessantes, de
situações desafiadoras, de humor, de brincadeiras. Por que não oferecer isso às crianças ? Por que
sonegar a escrita, quando ela foi feita para ser experimentada, vivenciada, praticada ? Por que
mantê-la escravizada, sem autonomia, submetida à oralidade, que é tão livre, do mundo, e não gosta
de ficar amarrada nem de amarrar nada, nem ninguém.
Vamos aos livros: de literatura, de invenções, de imagens, de poesia, de construções; de pano, de
plástico, de papel, aos e-books; vamos aos de montar, de brincadeiras, de fazer rir e até de chorar,
por que não? Emoção faz bem. Vamos às revistas, aos jornais, aos folhetos de cordel; aos
manuscritos, às cartas, às correspondências entre crianças, entre crianças e idosos; e avós, que é
demais de bom ! Vamos brincar de ler, de escrever. Como as crianças gostam quando fazemos isso!
Mas, claro, não vamos esquecer de contar histórias. As de assombração, elas adoram. Algumas,
morrem de medo, mas não se rendem. Querem mais !
Mamaluco x Maluco
Tem gente que acha que é só decifrar o código escrito e pronto: virou leitor. Como se fosse mágica,
só uma questão de quantidade de sílabas. Basta distinguir m-a-m-a-l-u-c-o de m-a-l-u-c-o e tudo
será diferente !
ESPAÇOS DE LEITURA. 9 .