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ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

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de qualidade entre educação das massas e educação massificada. É preciso, assim, estabelecer<br />

pontos, criar relações, vínculos, inserir na vida cultural. Não se pode apenas desejar a competência,<br />

ensinar os códigos lingüísticos ou matemáticos desvinculados da vida. É preciso libertar o<br />

conhecimento das amarras do formalismo, abrir as portas da escola para o mundo, retirar os alunos<br />

do isolamento, da proteção controladora que os impede de caminhar com as próprias pernas, de<br />

escolher, de selecionar, de dialogar com o outro. É preciso que desde cedo eles tomem parte e<br />

partido no mundo. E escrevam, e leiam. É preciso abandonar de vez a pedagogização do<br />

conhecimento, sua transformação em exercício, mera preparação para um futuro que escapa e que<br />

ninguém pode saber, felizmente, como será. A pedagogia deve retornar ao seu devido e importante<br />

lugar: meio e não fim. Conhecer e conhecer-se, constituir e constituir-se, significar o mundo e<br />

significar-se, eis o objeto maior da educação.<br />

Só uma pedagogia cultural é capaz de resgatar o conhecimento, livrá-lo da pedagogização<br />

medíocre e obtusa. Sem tal pedagogia, não há senão fragmentação, especialização, formalização<br />

inócua. E vazio.<br />

Pedagogização e leitura<br />

A pedagogização desconsiderou a natureza específica da leitura: ato comunicacional. Logo, relação,<br />

interação, cultura. Reduzindo-a à operação mental, tratou-a apenas em sua dimensão psicológica,<br />

pessoal, narcísica. Impôs uma compreensão que Jerome Bruner, um psicólogo, chamou de visão<br />

computacional da mente. Ou seja, considerou o processamento de informações não só como ato<br />

interno, mas lógico, matemático, redutível a modelos fixos e imutáveis. Se não forem considerados<br />

os vaivéns da memória, da imaginação, dos afetos, das emoções, é possível realmente considerar a<br />

leitura um ato linear. Só que já não é ato humano.<br />

O conhecimento se alimenta do processamento de informações, como quer a visão computacional.<br />

A questão, como lembra Alfredo Bosi, um autor brasileiro que se dedica à leitura e à literatura, é<br />

que o processamento humano é sinuoso, dá voltas, não segue em linha reta. Assim, alerta: o tempo<br />

do processamento não acompanha a aceleração do tempo da produção e da circulação das<br />

informações. Tanta velocidade do mercado não encontra ritmo interno compatível.<br />

Sem o pulsar da vida e sua complexidade, sem a ruminação, a aparente lentidão dos afetos e do<br />

<strong>ESPAÇOS</strong> <strong>DE</strong> <strong>LEITURA</strong>. 13 .

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