ESPAÇOS DE LEITURA SUMÁRIO - TV Brasil

corria o risco de perder seu nome, de ser chamada Dalva, Joana, Conceição. Carolina escrevia para
existir. Não tinha nada, tornou-se eterna.
Ordem dos livros
Deixar uma Estação de Leitura bagunçada, de pernas pro ar, de jeito nenhum.
- É crime! brada minha amiga bibliotecária. Nada coorporativista, para ela a questão da arrumação
dos livros não é para criar emprego, não. Mesmo porque ela diz que anda cansada e que o que quer
mesmo é desaparecer nos mares da Bahia. Mas falou em livros bagunçados, lá vem ela:
- É crime! Fere a autonomia do cidadão!
Como não sou bibliotecário e nem quero cometer crimes ou ferir cidadãos, me esforço para
compreender os argumentos da moça que quer desaparecer nos mares da Bahia. Não fosse por
razões outras, seria porque também adoro tais mares e acho que ela não é boba nem nada. Melhor
ouvi-la.
Se bem compreendo é mais ou menos o seguinte. Biblioteca pessoal, da casa da gente, pode ficar
bagunçada. E mesmo assim, se é só a gente que mexe. E, claro, se não liga para a desordem. - Que
não pode ser demais, ressalva com seriedade minha amiga. - Bagunça demais, não tem jeito!
Segundo suas teorias, cada um teria fórmulas pessoais e especiais para cuidar da própria bagunça.
Ou melhor, da própria baguncinha, pois se cuida já não é tão bagunça assim. Resultado lógico:
mesmo com a baguncinha - ela estica e acentua o "ci " e não me pergunte a razão -, é possível saber
onde estão os Diálogos do Platão, as Cidades Invisíveis, do Calvino, o Guia Quatro-Rodas. - Dá
trabalho, mas é possível, garante ela.
Não sei, não. Já passei horas procurando uma Cecília Meireles que precisava pra uma aula. Acabei
encontrando. Mas sabem onde? Na casa dela! Ela tinha esquecido de devolver. E eu de cobrar, que
não anoto livro que empresto. Fazia mais de 10 meses que ela estava com minha Cecília! Mas
recuperei.
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